Opinião espírita

Capítulo XXIV

Proteção da Vida Superior




Há mais de um século, conforme se depreende da questão número quatrocentos e noventa e um de “O Livro dos Espíritos”, inquiriu Allan Kardec dos mentores desencarnados que lhe presidiam a obra: “Qual a missão do Espírito protetor?” e o esclarecimento veio claro: “a de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-los nas suas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida”.

Tracemos reduzidas anotações aos cinco pontos enunciados:


Um pai consagra-se aos filhos, durante a existência terrestre, pavimentando-lhes o caminho com todas as facilidades que o amor lhe possibilite, entretanto, não consegue exonerá-los das tribulações, referentes às dívidas contraídas por eles, em passadas reencarnações.

Determinado educador abraçará generosamente o compromisso de orientar alguém, nas trilhas da virtude, contudo, o aprendiz traz a consciência livre para aceitar ou não as indicações que se lhe sugere.

O amigo ampara a outro amigo, administrando-lhe avisos oportunos, todavia, é provável que o beneficiário não os admita resolvendo tomar experiências difíceis, à própria conta.

Devotado companheiro dispensar-nos-á reconforto nas aflições, mas se está consciente do respeito à justiça, não intentará suprimi-las, na certeza de que as recebemos da vida por inevitável necessidade.

Compassivo irmão dar-nos-á coragem para vencer nos transes de rudes provas, no entanto, se realmente nos deseja felicidade, procederá conosco, à maneira do professor que instrui o discípulo, nas dificuldades do ensino, sem furtar-lhe os méritos da lição.

Longe de nos classificarmos por Espíritos protetores, de vez que somos simples e imperfeitos servidores de todos aqueles que ainda sofrem o esmeril das lutas humanas, compreendemos as dores e os constrangimentos de quantos imploram socorro e exceção, em nossas casas de fé, mas a clareza doutrinária recomenda se proclame que o Evangelho não promete gratificações do mundo e que o Espiritismo não anuncia vantagens materiais, no que concerne à ilusão.

Nós todos, Espíritos vinculados ainda à Terra, estamos evoluindo e resgatando, aprendendo e edificando, no burilamento da alma.

Estendamos mãos fraternas, amparando-nos mutuamente.

Reconheçamos, porém, que progresso reclama esforço, quitação pede reajuste, estudo exige atenção e trabalho roga suor.




(Psicografia de Francisco C. Xavier)