Opinião espírita

Capítulo XXXI

Fenômenos e nós




O homem quer ver para crer. Aspira à construção da fé. E para isso exige fenômenos.

Entretanto, é um Espírito imortal a exprimir-se através de uma caixa de fenômenos e não percebe. O cérebro é a maravilha que o abriga.

Na cúpula craniana tem a cabine da vontade, controlando bilhões de células a lhe cumprirem as ordens.

Como se ajustam lobos, sulcos, e giros, como funcionam meninges, veias e líquidos para que governe as próprias sensações não cogita para viver.

De que modo se comportam os neurônios para que possa pensar é problema de que não se preocupa, quando reflete.

Domina a linguagem sem pensar o esforço que lhe reclama das áreas corticais que lhe presidem a fala.

Enxerga dando trabalho aos nervos ópticos sem cogitar disso.

Ouve, por intermédio de complicados engenhos, mas não pondera quanto ao que essa preciosidade lhe custa.

Mobiliza tubos, artérias, alambiques, aparelhos, canais e depósitos variados para beber e comer, assimilar os recursos da vida e desvencilhar-se das gangas residuais da alimentação, todavia, às vezes atravessa uma existência secular sem a menor consideração por semelhantes prodígios.

Comumente reclama provas da sobrevivência da alma depois da morte, mas, até hoje, embora conjeture, não sabe exatamente como é que veio à vida.

Ninguém nega que fenômenos servem para acordar a mente, contudo, é imperioso reconhecer que as criaturas humanas, na experiência diária, comunicam-se umas com as outras, através de montanhas deles sem a mínima comoção.

Eis os motivos pelos quais os Espíritos superiores, conscientes da responsabilidade que abraçam colocarão sempre os fenômenos em última plana no esquema das manifestações com que nos visitam.

Assim procedem porque a curiosidade inerte ou deslumbrada não substitui o serviço e o serviço é a única via que nos faculta crescimento e elevação, compelindo-nos a estudar para progredir e a evoluir para sublimar.




(Psicografia de Waldo Vieira)