Opinião espírita

Capítulo XLVII

Mediunidade e mistificação




Compreendendo-se que na experiência humana enxameiam Espíritos desencarnados de todos os estalões, seja lícito comparar os médiuns, tão somente médiuns, aos instrumentos de comunicação usados pelos homens, no trato com os próprios homens.


Médiuns de transporte.

Vejamos o guindaste que opera por muitos estivadores.

Tanto pode manejá-lo um chefe culto, quanto o subordinado irresponsável.


Médiuns falantes.

Observemos o aparelho de gravação.

O microfone que transmitiu mensagem edificante assinala com a mesma precisão um recado indesejável.


Médiuns escreventes.

Analisemos o apetrecho de escrita.

O mesmo lápis que atendeu à feitura de um poema serve à fixação de anedota infeliz.


Médiuns sonâmbulos.

Estudemos a hipnose.

Na orientação de um paciente, tanto consegue estar um magnetizador digno que o sugestiona para a verdade, quanto outro, de formação moral diferente, que o induza à paródia.


A força mediúnica, como acontece à energia elétrica, é neutra em si.

A produção mediúnica resulta sempre das companhias espirituais a que o médium se afeiçoe.

Evidentemente, o médium é chamado a garantir-se na sinceridade com que se conduza e na abnegação com que se entregue ao trabalho dos Bons Espíritos que, em nome do Senhor, se encarregam do tem de todos.

Em tais condições, nada pode o médium temer, em matéria de embustes, porque todos aqueles que se consagram e se sacrificam pelo bem dos semelhantes, jamais mistificam, por se resguardarem na tranquilidade da consciência, convictos de que não lhes compete outra atitude senão a de perseverar no bem, acolhendo quaisquer embaraços por lições, a fim de aprenderem a servir ao bem com mais segurança, já que o merecimento do bem cabe ao Senhor e não a nós.

Fácil reconhecer, assim, que não se carece tanto de ação da mediunidade no Espiritismo, mas em toda parte e com qualquer pessoa, todos temos necessidade urgente do Espiritismo na ação da mediunidade.




(Psicografia de Waldo Vieira)