Opinião espírita

Capítulo LVIII

Fé em Deus




Antes de Jesus, profetas e guerreiros asseveravam agir em nome da fé em Deus.

Moisés, conquanto venerável pela fidelidade e pela justiça, não hesitava na aplicação da ira, admitindo representá-lo.

Josué presumia proclamar-lhe a grandeza com bandeiras sanguinolentas, ao submeter populações inermes, além do Jordão.

David supunha dignificá-lo, quando conquistou a montanha de Sião, à custa do pranto das viúvas e dos órfãos.

Salomão acreditava reverenciá-lo, ao consumir a existência de numerosos servidores, amontoando madeiras e metais preciosos na construção do templo famoso que lhe guardou a memória.

E todos nós, em várias reencarnações, temos pretendido honorificar a fé em Deus, fomentando guerras e espoliando os semelhantes, através das crises de fanatismo e das orgias de ouro.


O Espiritismo, porém, nos revela Jesus, abraçando o serviço espontâneo à Humanidade, como sendo a tradução da própria fé.

Embora livre, transfigurou-se em servidor da comunidade estendendo mais imediata assistência aos que se colocavam na última plana da escala social.

Sem nenhum juramento que o obrigasse a tratar dos enfermos, amparou os doentes com extremada solicitude.

Não envergava toga de juiz e patrocinou a causa dos deserdados.

Distante de qualquer compromisso na paternidade física, chamou a si as criancinhas.

Fora de todos os vínculos da política, ensinou o acatamento às autoridades constituídas.

Profundamente franco, era humilde em excesso com os ignorantes e com os fracos, e, profundamente humilde, era franco, tanto quanto se pode ser, com todos aqueles que conheciam as próprias responsabilidades, à frente dos preceitos divinos, fugindo de respeitá-los.

Passou no mundo, abençoando e consolando, esclarecendo e servindo, mas preferiu morrer a tisnar o mandato de amor e verdade que o jungia aos desígnios do Eterno Pai.


Para nós, os cristãos encarnados e desencarnados, seja na luz da Doutrina Espírita ou ainda ausentes dela, é importante o exame periódico dos nossos testemunhos pessoais de religião, na experiência cotidiana, para sabermos o que vem a ser fé em Deus em nós e fé em Deus no Mestre que declaramos honrar.




(Psicografia de Francisco C. Xavier)