Opinião espírita

Capítulo LVII

Escala do tempo




Não te atribules. Entendimento espiritual pede paz à alma.

Ninguém usufrui duas situações ao mesmo tempo. Seja na alegria ou na provação, o homem desfruta a existência vivendo hora após hora, minuto por minuto.

O tempo é imperturbavelmente dosado. Concessão igual a todos.

Em nada auxilia a aflição pelo que virá: no cerne do sentimento não há duas crises simultâneas.

Para coisa alguma serve chorar pelo que aconteceu: não podemos retomar a oportunidade perdida.

O passado ensina e o futuro promete em função do presente.

Ninguém confunda precipitação com diligência. Precipitação é pressa irrefletida. Diligência é zelo prestimoso. Não vale acelerar imprudentemente a execução disso ou daquilo: toda realização digna é obtida a pouco e pouco.

Por outro lado, igualmente não será lícito amolentarmo-nos. Importa combater negligência com atividade, sobrepor coragem ao desalento.

A pior circunstância traz consigo instruções preciosas tanto quanto o fruto mais corrompido carrega sementes de subido valor. Cabe-nos descobri-las e utilizá-las.

O melhor não se efetua em marcha atordoada. A própria natureza nos oferece o que pensar. Planta alguma é favorecida com primavera de dupla duração. O golpe de vento que fustiga o capim é o mesmo que estorcega o jequitibá.

As grandes edificações são erguidas em serviço regular e uniforme, com intervalos de sono reparador que refaçam as forças na mente e pausas de lazer que restaurem as energias do coração.

Toda ideia benéfica roga meditação para engrandecer-se. Todo temperamento é suscetível de ser dominado dentro das regras que nos orientam a educação.

Reflitamos na justiça das horas. Tempo é valor divino na experiência humana. Cada consciência plasma com ele o próprio destino.

O tempo que o Cristo despendeu na elevação era perfeitamente igual ao tempo que Barrabás gastou na criminalidade. A única diferença entre eles é que Jesus empregou o tempo engrandecendo o bem, e Barrabás usou o tempo gerando o mal. Entre a luz de um e a sombra do outro, o proveito do tempo se gradua por escala infinita. Melhorar-nos ou agravar-nos dentro dela é escolha nossa.




(Psicografia de Waldo Vieira)