Todos aqueles que negam a feição religiosa do Espiritismo, recusando-lhe a posição de Cristianismo Restaurado, decerto, ainda não abarcaram, em considerações mais amplas, a essência evangélica em que se lhe estruturam os princípios, nos mais íntimos fundamentos.
Examinemos, pela rama, alguns dos pontos mais importantes de formação do :
“O Livro dos Espíritos”, que se popularizou com mil e dezoito questões, sabiamente explanadas, não obstante os primores filosóficos de que se compõe, é um código de responsabilidade moral, iniciado com duas proposições, acerca de Deus e do Infinito, () e rematado com outras duas, que se reportam ao reino do Cristo nos corações e ao reinado do bem, no caminho dos homens. ()
“O Livro dos Médiuns”, volume de metodologia para o intercâmbio entre encarnados e desencarnados, apresenta, de entrada, () valiosa argumentação, alusiva à existência do Mundo Espiritual, e reúne, no encerramento, diversas comunicações de individualidades desencarnadas, () ao mesmo tempo que nos convida a exame sério e imparcial de todas as mensagens recolhidas do Além, por via mediúnica, salientando-se que a primeira página da seleção exposta começa com significativa advertência de Agostinho: () “Confiai na bondade de Deus e sede bastante clarividentes para perceberdes os preparativos da vida nova que ele vos destina.”
“O Evangelho segundo o Espiritismo” abre as próprias elucidações com judiciosos apontamentos, em torno de Moisés e da Lei Antiga, () compendiando, em seguida, os ensinos de Jesus, em todo o texto, () para concluir, alinhando comovedores poemas de exaltação à prece. ()
“O Céu e o Inferno”, tomo de cogitações francamente religiosas, segundo a definição do título, começa analisando o porvir humano, do ponto de vista espiritual, (i) e termina com o ditado de José, o cego, Espírito de evolução mediana que encarece a necessidade do sofrimento no serviço expiatório da consciência culpada e destaca a excelência da reencarnação, na Justiça Divina. ()
“A Gênese”, o livro final da Codificação e que enfeixa arrojadas teses de ciência e filosofia, enfileira dezoito capítulos, com mais de cem artigos, dos quais mais da terça parte se referem exclusivamente a passagens e lições do Divino Mestre, acrescendo notar que a obra principia, aceitando o Espiritismo em sua missão de Consolador Prometido, com a função de explicar e desenvolver as instruções do Cristo, () e despede-se com admiráveis reflexões sobre a geração nova e a regeneração da Humanidade. ()
Cremos de boa fé que todos os companheiros, propositadamente distanciados da tarefa religiosa do Espiritismo, assim procedem, diligenciando imunizar-nos contra a superstição e o fanatismo, que a plataforma libertadora da própria Doutrina Espírita nos obriga a remover, mas, sinceramente, não entendemos a Nova Revelação sem o Cristianismo, a espinha dorsal em que se apoia. Isso acontece, porque, se após dezenove séculos de teologia arbitrária, não chegaríamos a compreender agora, no mundo, o Evangelho e Jesus Cristo, sem Allan Kardec, manda a lógica se proclame que o Espiritismo e Allan Kardec se baseiam em Jesus Cristo, de ponta a ponta.
(Psicografia de Francisco C. Xavier)