Palavras do Infinito

Capítulo XI

Sombra



Quem só tem alma para oferecer

No mundo, é um coração ermo e faminto…

A incompreensão é amarga como absinto,

Roubando a vida, envenenando o ser.


Todo o mal do idealismo é conhecer

As forças antagônicas do Instinto

No coração, vesúvio nunca extinto,

Insaciado no Amor e no Prazer.


Todos aqueles que me conheceram

Na senda de ilusões e fantasias,

Chorem comigo pelo que hoje sou!


Sou a sombra dos sonhos que morreram

Contemplando nas ruínas mais sombrias

O meu castelo que se espedaçou.




(Soneto recebido em Pedro Leopoldo a 24 de julho de 1935)