“Que mal fez Ele? — perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: seja crucificado!” — (Mt
Jesus-Cristo!…
Condenado sem culpa, vencido e vencedor…
Profundamente amado, violentamente combatido!
De todos os títulos, preferiu o de Mestre, conquanto devesse, nas Provas Supremas, reconhecer-se abandonado pelos discípulos.
De todas as profissões praticou, um dia, a de carpinteiro, ciente de que não teria para a ministração de seus apelos e ensinamentos nem culminâncias de poder terrestre e nem galerias de ouro, mas, sim, pobres barcos talhados em serviço de enxó e a golpes de formão…
Soberano da Eternidade, permitiu se Lhe aplicassem a coroa de espinhos, deixando-se alçar num sólio constituído de dois lenhos justapostos, em dois traços distintos…
Ele que se declarou enfeixando o Caminho, a Verdade e a Vida, deu-se na Extrema Renúncia, em penhor de semelhante revelação, suspenso nas horas derradeiras, sobre o traço vertical que simbolizava a Fé, a erigir-se em Caminho para o Céu, e sobre o traço horizontal, que exprimia o Amor, alimentando a Vida, na direção de todas as criaturas, como a dizer-nos que Ele era, na Cruz, a Verdade torturada e silenciosa, entre a Fé e o Amor, a sustentar-se claramente erguida para a Justiça Divina, batida e supliciada pelos homens, mas de braços abertos.
(Reformador, dezembro de 1968, p. 267)