Abandonar pai e mãe, (Mt
A verdadeira renúncia não é desistência da luta edificante e, sim, o trabalho silencioso no auxílio àqueles que nos propomos auxiliar ou salvar.
Quem renuncia com Jesus não se ausenta da paisagem de serviço onde a vida lhe impõe dificuldades amargas e problemas difíceis, mas permanece fiel ao Mestre, no quadro de provações em que lhe cabe exercitar a humildade e a paciência, aprendendo a apagar-se na esfera do próprio “eu” para o justo soerguimento daqueles que o cercam.
Quem sinceramente abandona os pontos de vista inferiores, desvencilhando-se das pesadas algemas do egoísmo inquietante, sob a inspiração do Evangelho, guarda os ensinamentos recebidos e auxilia aos parentes e amigos, afeiçoados e conhecidos, com desvelo e segurança.
O Apóstolo, aliás, nos adverte: “Se não sabemos amar ao irmão que se encontra mais próximo de nós, como poderemos amar a Deus que se encontra distante?” (1Jo
Se não amparamos ao companheiro que vemos, como conseguiremos auxiliar aos anjos que ainda não podemos ver?
Em matéria de renunciação não nos esqueçamos do exemplo do Senhor. Vilipendiado, escarnecido, dilacerado e crucificado, Jesus renuncia ao contentamento de permanecer em seu Divino Apostolado na Galileia, aceitando o extremo sacrifício, mas, ao terceiro dia, depois do transe da morte, sob a Eterna Claridade da Ressurreição; ei-Lo que volta aos beneficiários indiferentes e aos discípulos enfraquecidos, revelando a qualidade do seu Amor Excelso e Sublime pela Humanidade inteira.
Abandonar os que convivem conosco, portanto, por amor ao Evangelho, é calar os pruridos de nossa personalidade exclusivista e gritante, para ser-lhes mais úteis, no anonimato da compreensão e da caridade.
Para seguirmos ao Cristo não basta esquecer o mal e sim plantar sobre a ignorância e sobre a penúria que o produzem, a lavoura divina do verdadeiro bem.