Perante Jesus

Capítulo XVIII

Infelicidade



Ante o manancial de bênçãos do Espiritismo com Jesus, a verdadeira infelicidade será sempre: receber sem dar;

reter os bens do mundo sem distribuí-los;

guardar a fé, menosprezando os que sofrem o frio da indiferença;

iluminar a si mesmo, escarnecendo os que ainda jazem na sombra;

exibir humildade, amaldiçoando as vítimas do orgulho;

ornar a própria senda com os mais altos valores culturais, recusando a esmola do alfabeto aos que padecem a chaga da ignorância;

conservar a própria saúde, olvidando os enfermos;

encastelar-se no conforto, esquecendo os que são afrontados pela miséria…


O infortúnio real será ainda: ensinar o bem sem praticá-lo;

conhecer a verdade e consagrar-se ao erro sistemático;

aceitar os princípios da sublimação espiritual, mergulhando-se nas trevas da animalidade e da estagnação nas linhas inferiores do mundo;

saber o caminho da elevação própria, tentando enganar a si mesmo no fundo despenhadeiro da ilusão;

matar o tempo destinado a enriquecer-nos de vida…


Há muita felicidade na Terra que não constitui senão trilho descendente para o abismo da aflição…

Muitos riem agora, ostentando falsa alegria na máscara de carne para chorarem amargamente depois…

Aprendamos a viver para o bem dos outros, a fim de encontrarmos o nosso verdadeiro bem.

Almas inúmeras se julgam bem quando apenas se encontram bem mal no exclusivismo a que se afeiçoam e outras tantas se supõem mal dotadas pela existência, encontrando nas dores que as assaltam o acesso à libertação do mal a que se escravizam.


A felicidade duradoura e justa nasce para nós da felicidade que acendermos no caminho dos outros, e, por isso, compreendendo com o Evangelho que mais vale dar que receber, procuremos distribuir os bens que o Senhor nos empresta, a bem de todos, na certeza de que somente assim conquistaremos, em nosso favor, a felicidade do Sumo Bem.