Reunião pública de 28 de Agosto de 1959
de “O Livro dos Espíritos”
Quem admite hoje o fenômeno magnético, por novidade, se esquece naturalmente de que, no Egito dos Ramsés, velho papiro trazido aos nossos dias já preceituava quanto ao magnetismo curativo: — “Pousa a tua mão sobre o doente e acalma a dor, afirmando que a dor desaparece.”
Séculos transcorreram, até que ele adquirisse extensa popularidade com as demonstrações de Mesmer e atravessasse, tímido, o pórtico da experimentação científica com personalidades marcantes, quais James Braid e Durand de Gross, Charcot e Liébeault.
E, nos tempos últimos, ei-lo em foco, desde os mais avançados gabinetes das ciências psicológicas até os espetáculos públicos nos quais a hipnose é conduzida, indiscriminadamente, para fins diversos.
Entretanto, importa considerar que é justamente em Nosso Senhor Jesus-Cristo que ele atinge o seu ponto mais alto na Humanidade.
Todavia, não se vale dele o Senhor para alardear os poderes que lhe exornam o Espírito.
Não lhe mobiliza os recursos para impressionar sem proveito.
Não lhe requisita os valores para discussões estéreis.
Não lhe concentra as possibilidades para a defesa de si próprio.
Jesus é o amor divino alongando os braços à angústia humana.
Estende a mão e cegos veem, e paralíticos se levantam, e feridentos se alimpam e obsidiados se recuperam.
Fita Madalena em casa de Simão e dá-lhe forças para que se liberte das entidades sombrias que a subjugam; contempla Zaqueu no sicômoro e modifica-lhe as noções da riqueza material; fixa Judas no cenáculo e o companheiro infeliz foge apressado, incapaz de suportar-lhe a presença, e endereça a Pedro um simples olhar das grades da prisão e o amigo que o negara pranteia amargamente.
Ainda assim, não se detém nos casos particulares.
Junto ao povo, tempera cada manifestação com autoridade e doçura, humildade e comando, respeito e compreensão.
De ninguém indaga a prática religiosa, para fazer o bem.
No ensinamento, utiliza parábolas para não ferir fosse a quem fosse.
A todos oferece o apaziguamento da alma, antes da cura física.
Não procura os poderosos da Terra para qualquer entendimento, e, sim, busca de preferência os que passam curvados sob o jugo das aflições.
Não se faz precedido de arautos e batedores.
Não demanda lugares especiais para a exibição dos fenômenos que lhe vertem das faculdades sublimes.
E, para imprimir o magnetismo divino da Boa-Nova na mente popular, traça no monte as bem-aventuranças da vida eterna, proclamando veemente: (Mt
“Felizes os humildes de espírito, porque a eles toca o reino dos Céus.
“Felizes os que choram, porque serão consolados.
“Felizes os afáveis, porque possuirão a Terra.
“Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
“Felizes os misericordiosos, porque obterão misericórdia.
“Felizes os que trazem consigo o coração puro, porque sentirão a presença de Deus.
“Felizes os pacíficos e os pacificadores, porque serão chamados filhos do Altíssimo.
“Felizes os que forem perseguidos sem causa, porque o reino dos Céus lhes pertence.”
Se te afeiçoas, assim, ao fenômeno magnético, seja qual for o filão de tuas atividades, poderás estudá-lo e incrementá-lo, estendê-lo e defini-lo, mas, para que dele faças motivo de santidade e honra, somente em Jesus-Cristo encontrarás o luminoso e indiscutível padrão.