Religião dos espíritos - capa

Religião dos espíritos

Capítulo XIX
Ilustração tribal

Corrigir



Reunião pública de 16 de Março de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Toda corrigenda, antes que se exprima em palavras, há de vazar-se em amor para que a vida se eleve.

Senão vejamos, em comezinhos incidentes da Natureza.

Não amaldiçoarás a gleba que o deserto alcançou, mas oferecer-lhe-ás a graça da fonte para que retorne aos talentos da produção.

Não condenarás o pântano em que a lama se acumulou, provocando a inutilidade, mas drenar-lhe-ás o leito de lodo, a fim de que se restaure em leira fecunda.

Não reprovarás simplesmente a veste que os detritos desfiguraram, mas mergulhá-la-ás na água pura, recompondo-lhe a forma para a bênção da serventia.

Não martelarás indiscriminadamente a máquina, cuja engrenagem se nega à função devida, e sim lhe examinarás, com atenção, os implementos defeituosos, de modo a recuperá-la para o justo exercício.

Não derrubarás a plantação nascente que a praga invadiu, mas mobilizarás carinho e cuidado para libertá-la do elemento destruidor, propiciando-lhe recurso preciso ao refazimento.

Não aniquilarás certa província corpórea, porque se mostre enfermiça, mas fornecer-lhe-ás adequado remédio, normalizando-lhe os movimentos.

Repreensão sem paciência e esperança, ainda mesmo quando se fundamente em razões respeitáveis, é semelhante ao punhal de ouro fulgurando rara beleza, mas carreando consigo a visitação da morte.

Corrigir é ensinar e ensinar será repetir a lição, com bondade e entendimento, tantas vezes quantas se fizerem necessárias.

Unge-te, pois, de compaixão, se desejas retificar e servir.

Lembra-te de que o próprio Cristo, embora portador de sublimes revelações no tope do monte, antes de ministrar a verdade à mente dos ouvintes sequiosos de luz, ao reparar-lhes a fome do corpo, deu-lhes, compassivo, um pedaço de pão. (Jo 6:1)