Reunião pública de 28 de Setembro de 1959
de “O Livro dos Espíritos”
Para dissipar a sombra do materialismo a espessar-se no espírito humano, é forçoso evitemos a atitude daquelas autoridades da antiga Bizâncio, que discutiam bagatelas, enquanto os inimigos lhes cercavam as portas.
Reconhecendo a impossibilidade de vincular essa anomalia às raízes da ignorância, de vez que o epicurista é, invariavelmente, alguém que se prevalece da cultura intelectual para extrair da existência o máximo de prazer com esquecimento da responsabilidade, interpretemos o materialismo como sendo enfermidade obscura, espécie de neoplasma da mente, a degenerar-lhe os mecanismos. Da tumoração invisível surge a violência e a crueldade, a desumanidade e o orgulho por metástases perigosas, suscetíveis de criar as piores deformidades no mundo íntimo.
E tanto quanto a ciência médica ainda encontra dificuldades para definir a etiologia do câncer, surpreendemos, de nossa parte, os maiores entraves para explicar a causa de semelhante calamidade, porquanto, sendo a ideia de Deus imanente em todas as leis do Universo, não é compreensível se isole, voluntariamente, a razão da sua origem divina.
Convençamo-nos, porém, de que todo desequilíbrio do espírito pede, por remédio justo, a educação do espírito.
Veiculemos, assim, o livro nobre.
Estendamos a mensagem edificante.
Acendamos a luz dos nossos princípios nas colunas da imprensa.
Utilizemos a onda radiofônica, auxiliando o povo a pensar em termos de vida eterna.
Relatemos as nossas experiências pessoais, no caminho da fé, com o desassombro de quem se coloca acima dos preconceitos.
Amparemos a infância e a juventude para que não desfaleçam à míngua de assistência espiritual.
Instruamos a mediunidade.
Aperfeiçoemos nossos próprios conhecimentos, através da leitura construtiva e meditada.
Instituamos cursos de estudo do Evangelho de Jesus e da obra de Allan Kardec, em nossas organizações, preparando o futuro.
Ofereçamos pão ao estômago faminto e alfabeto ao raciocínio embotado.
Plantemos no culto da caridade o culto da escola.
E, sobretudo, considerando o materialismo como chaga oculta, não nos afastemos da terapia do exemplo, porque, em todos os climas da Humanidade, se a palavra esclarece, o exemplo arrasta sempre.