Seara dos Médiuns

Capítulo LXII

Discernimento



Reunião pública de 26 de Agosto de 1960

de “O Livro dos Médiuns”


Encarecendo a prática do bem por base da cooperação com os instrutores desencarnados, no campo mediúnico, não será lícito esquecer o imperativo da educação.

Não somente ajudar, mas também discernir.

Não apenas derramar sentimentos como quem faz do peito cofre aberto, atirando preciosidades a esmo, mas articular raciocínios, aprendendo que a cabeça não é simples ornamento do corpo.

Coração e cérebro, sintonizados na criatura, assemelham-se de algum modo ao pêndulo e ao mostrador no relógio. O coração, à maneira do pêndulo, marca as pulsações da vida; entretanto, o cérebro, simbolizando o mostrador, estabelece as indicações. No trabalho em que se conjugam, um não vai sem o outro.

Tornemos ao domínio da imagem, para clareza do assunto.

Operário relapso não encontra chefe nobre.

Escrevente inculto não se laureia em provas de competência.

Enfermeiro bisonho complica a assistência médica.

Aluno vadio é problema para o professor.

Na mediunidade, quanto em qualquer outro gênero de serviço, é indispensável que o colaborador se interesse pela melhoria dos próprios conhecimentos, a fim de valorizar o amparo que o valoriza.


Tarefa mediúnica sustentada através do tempo não brota da personalidade. Exige burilamento, disciplina, renunciação e suor.

A educação confere discernimento. E o discernimento é a luz que nos ensina a fazer bem todo o bem que precisamos fazer.

É por isso que Jesus avisou no Evangelho: “Brilhe a vossa luz diante dos homens para que os homens vejam as vossas boas obras.” (Mt 5:16) É ainda pela mesma razão que o Espírito da Verdade recomendou a Allan Kardec gravasse na Codificação do Espiritismo a inolvidável advertência: “Espíritas, amai-vos! — eis o primeiro ensino. Instruí-vos! — eis o segundo.” ()