Seara dos Médiuns

Capítulo LXIII

Jesus e livre-arbítrio



Reunião pública de 29 de Agosto de 1960

de “O Livro dos Médiuns”


Em matéria de respeito ao livre-arbítrio, reparemos a conduta do Cristo, junto daqueles que lhe partilham a marcha.

Companheiro de João Batista, não lhe torce a vocação.

Em circunstância alguma encarcera espiritualmente os discípulos em atitudes determinadas.

Ajuda sem pedir adesões.

Ensina sem formular exigências.

Escarnecido em Nazaré, onde fixara moradia, não procura evidenciar-se.

Renova Maria de Magdala, sem constrangê-la.

Não ameaça Nicodemos, porque o doutor da lei não lhe compreenda de pronto a palavra. (Jo 3:1)

Não exibe poderes divinatórios para impressionar o Sinédrio. (Mt 26:57)

Permite que Pedro o renegue à vontade. (Mt 26:69)

Deixa que Judas deserte como deseja. (Mt 26:14)

Confere a Pilatos e Ântipas pleno direito de decisão.

Não impede que os amigos durmam no horto, enquanto ora em momento grave. (Mt 26:36)

O cireneu (Mt 27:32) que se destaca, a fim de auxiliá-lo no transporte da cruz, é trazido pelo povo, mas não rogado por ele mesmo.

E, ainda depois da morte, volvendo ao convívio dos irmãos de ideal, não tem qualquer bravata de interventor. (Lc 24:36)

Entende as dúvidas de Tomé. (Jo 20:26)

E quando visita Saulo de Tarso, às portas de Damasco, aparece na condição de um amigo, sem qualquer intuito de violência. (At 9:3)

Onde surge, o Mestre define a luz e o amor em si mesmo, indicando, no próprio exemplo, o roteiro certo, mas sem coagir pessoa alguma nessa ou naquela resolução.


Quando quiseres verificar se os Espíritos comunicantes são bons e sábios, rememora o padrão de Jesus e perceberás que são realmente sábios e bons se te ajudam a realizar todo o bem com esquecimento de todo o mal, sem te afastarem da responsabilidade de escolheres o teu caminho e de seguires adiante com os próprios pés.