Seara dos Médiuns

Capítulo LXIV

Livre-arbítrio e obsessão



Reunião pública de 2 de Setembro de 1960

de “O Livro dos Médiuns”


No tratamento da obsessão, frequentes vezes, entre os seareiros do bem, surgem debates em torno do livre-arbítrio.

Se a faculdade de escolher é atributo da alma, como influir no ânimo dos desencarnados menos felizes?

Temos aqui, no entanto, o princípio de causa e efeito, importando reconhecer que se Jesus respeitou as resoluções de quantos lhe respiravam o ambiente, não arrebatou ninguém às consequências dos próprios atos.


Se caímos na criminalidade, somos Espíritos doentes e qualquer doente guarda a sua independência, até o ponto em que ameaça a integridade dos outros ou agrava a condição de si mesmo.

Para atender a isso, a sociedade humana relaciona vários recursos de contenção, destacando-se entre eles a segregação hospitalar e a anestesia involuntária, que parecem atentados à consciência.

Entretanto, ninguém malsinará o médico que administre opiáceos ao enfermo desesperado, que lhe tente rasgar as próprias vísceras, ou que isole na câmara gradeada de um sanatório o louco suscetível de descer às últimas raias da inconsequência.


Diante da obsessão, não te mostres indiferente à sorte dos irmãos incursos nessa dificuldade.

A pretexto de resguardar o livre-arbítrio, não deixes o companheiro desencarnado e o companheiro da experiência física sem o concurso do esclarecimento que lhes serve ao caminho como inevitável medicação.

Dinamiza o conhecimento quanto julgues preciso, em cada processo de reajuste, mas explica aos irmãos em prova a trilha mais fácil para a libertação deles mesmos.

Ainda assim, porque estejas a serviço da verdade, não te faças verdugo.

Aspereza é veneno sutil.

Irritação retorna qualquer serviço à estaca zero. Ninguém realmente sabe ensinar se não sabe repetir a lição.

Socorre obsessor e obsidiado, incutindo-lhes a verdade dosada em amor; contudo, recorda que o veículo de semelhante remédio é paciência e paciência.