Reunião pública de 9 de Dezembro de 1960
de “O Livro dos Médiuns”
Quando a espiritualidade sublime te clareou por dentro, passaste a mentalizar perfeição nas atitudes alheias. Entretanto, buscando, aqui e ali, padrões ideais de comportamento, nada mais recolheste que necessidades e negações.
Irmãos que te pareciam sustentáculos da coragem tombaram no desânimo, em dificuldades nascentes; criaturas que supunhas destinadas à missão da bênção, pela música de carinho que lhes vibrava na boca, amaldiçoaram leves espinhos que lhes roçaram a vestimenta; companheiros que se afiguravam troncos na fé resvalaram facilmente nos atoleiros da dúvida, e almas que julgavas modelos de fidelidade e ternura abandonaram-te o clima de esperança, nas primeiras horas da luta incerta.
Sofres, exiges, indagas, desarvoras-te…
Trilhando o caminho da renovação que te eleva, solicitas circunstâncias e companhias em que te escores para seguir adiante; contudo, se estivesses no plano dos amigos perfeitos, não respirarias na escola do burilamento moral.
O Universo é governado por leis infalíveis.
“Dai e dar-se-vos-á” — ensinou Jesus. (Lc
Se aspiras a receber a simpatia e a abnegação do próximo, começa distribuindo simpatia e abnegação.
O entendimento na Doutrina Espírita esclarece-nos a cada um que é loucura reclamar a santificação compulsória e, sim, que é dever simples de nossa parte operar a própria transformação para o bem, a fim de que sejamos para os outros, ainda hoje, o que desejamos sejam eles para nós amanhã.
É possível estejas atravessando a estrada longa da incompreensão, pedregosa e obscura.
Façamos, porém, suficiente luz no próprio íntimo, e a noite, por mais espessa, será sempre sombra a fugir de nós.