“…Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens ajuntado para quem será?” — JESUS (Lc
Do ponto de vista da posse, de que disporá, o homem, que realmente lhe pertença?
O corpo é uma bênção que lhe foi concedida pelos pais, em nome do amor eterno que rege a vida.
A família é uma equipe de corações afins e menos afins, em que ele estagia.
Os laços afetivos em que se motiva para trabalhar e viver podem ser mudados ou subtraídos, a qualquer tempo.
O nome é uma doação do registro civil que o arrola nos acervos da estatística para definir-lhe o nascimento e a situação.
As potências mentais e os recursos físicos que se lhe erigem por instrumentos sutis de manifestação, muita vez são suscetíveis de sofrer temporárias cassações, dentro dos princípios de causa e efeito.
O prestígio social é um movimento digno, mas, claramente mutável, entretecido pelas opiniões de amigos e adversários.
O conhecimento intelectual é um quadro de afirmações provisórias, no edifício da evolução, de que ele compartilha sem ser o responsável.
A fortuna material é um empréstimo dos Poderes Superiores que, não raro, lhe escapa ao controle, quando menos espera.
Tudo o que a criatura humana possui é tão somente obséquio, concessão, favor ou beneficio da Providência Divina ou da Bondade Humana.
Todos temos efetivamente de nós unicamente a nossa própria alma e, já que somos usufrutuários de todos os bens da vida, estejamos constantemente prevenidos para dar conta de nós próprios, ante as Leis do Destino, no tocante a uso e proveito, rendimento e administração.
(Brasil espírita, outubro 1971, p. 3)