alvorada do reino

Capítulo XVI

Na senda renovadora




Enquanto nos demoramos nas teias da animalidade, costumamos centralizar a vida na concha envenenada do egoísmo, orientando-nos pelo cérebro, agindo pelo estômago e inspirando-nos pelo sexo…

A passagem na Terra significa, então, para nossa alma, o movimento feroz de caça e presa.

O cálculo é o nosso modo de ser.

A satisfação física é o nosso estímulo.

O prazer dos sentidos é a finalidade de nosso esforço.

Entretanto, quando a luz do Evangelho se faz sentir em nosso coração, altera-se-nos a vida.

O amor passa a reger nossas mínimas expressões individuais.

Identificamos as nossas próprias feridas, catalogamos nossos próprios defeitos e inventariamos nossas próprias necessidades.

A língua perde a volúpia delituosa da maledicência.

Os olhos olvidam a treva, em busca de sol que lhes descortine horizontes mais vastos.

Os ouvidos esquecem as serpes invisíveis do mal, a fim de se concentrarem nas sugestões do bem.

E a cabeça procura o suave calor da fornalha da caridade, a fim de que as ilusões lhe não imponham o frio do desapontamento triste, compensação de quantos reclamam a felicidade que a Vida Física não lhes pode dar…

Chegada essa hora de renovação do nosso próprio Espírito, nossa existência se transforma numa pregação permanente aos que nos seguem os passos, de vez que a lâmpada acesa do ensinamento de Jesus, no imo da alma, é astro irradiante a clarear a marcha da vida.

Não te gastes, desesperando-te em exigências descabidas, nem te percas no cipoal das queixas sem significação.

Procura o Cristo, em silêncio, e grava as lições d’Ele nas páginas da própria luta de cada dia e quem te acompanha saberá encontrar, em tua conduta e em teus gestos, o abençoado caminho da elevação.