Amigo

Capítulo XVII

Traços do inimigo



Quando Jesus nos exortou ao amor pelos inimigos, (Mt 5:44) indicou-nos valioso trabalho imunológico em favor de nós mesmos.

Se trazes a consciência tranquila, diante da criatura que, acaso, te injurie, estarás na mira de uma pessoa evidentemente necessitada de compreensão e de auxílio espiritual.

O adversário gratuito pode estar desinformado a teu respeito e, por isso, reclama esclarecimento e não represália.

Talvez esteja experimentando certa inveja dos recursos de que dispões e, em vista disso, necessitará de caridade e silêncio para que não seja induzido ao desespero.

Sofrerá provavelmente de miopia espiritual, diante dos objetivos superiores pelos quais te orientas e, por essa razão, aguarda tolerância, até que o entendimento se lhe amadureça.

Será possivelmente um candidato à luta competitiva com os teus esforços em realização determinada e, por isso, reclama respeito para que não caia em perdas de vulto.

Repontará do cotidiano por alguém intentando fazer a tarefa de que te incumbes e, por semelhante motivo, merece vibrações de paz, a fim de que encontre encargos idênticos aos teus.

Por fim, talvez surja na condição de doente da alma, sob a influência de obsessões ocultas e, em vista disso, precisará de compaixão.

Jesus conhecia esses lances de desequilíbrio da personalidade humana e, naturalmente, nos impulsiona ao perdão e à prece, em auxílio de quantos se nos façam agressores.

É que não adianta passar recibos ao mal, de vez que estaríamos ambientando em nós mesmos, as dificuldades e deficiências dos nossos perseguidores.

Amar aos inimigos será abençoá-los, desejando-lhes a tranquilidade de que carecem, livrando-nos, antecipadamente, de quaisquer entraves com que nos desejem marcar o caminho.

Abençoar aos que nos insultem ou maltratem é o melhor processo de entregá-los ao mundo deles próprios, sustentando-nos em paz ante as bênçãos das Leis de Deus.