…Até o Fim dos Tempos

CAPÍTULO 15

Jesus, o Libertador da Mulher



Nos Seus passos e ministérios sempre estavam presentes mulheres abnegadas, que constituíam apoio e nobreza caracterizando a singularidade superior dos Seus ensinamentos.

Subjugada pela tradição e relegada a plano secundário, as mulheres eram objeto de desdém dos homens, que apenas as utilizavam para a reprodução e o abuso.

Sem direitos religiosos, nem qualquer tipo de participação no culto, as doutrinas dominantes tinham-nas em condições subservientes desde as remotas anotações do Pentateuco e das profecias.

Jesus, o Grande Libertador, jamais as discriminou, ensejando-lhes o engrandecimento moral e renovando-lhes os sentimentos ultrajados.

Em todas as situações as engrandeceu, gerando cizânia entre aqueles que já se lhe constituíam adversários.

Emulando-as à permanência nos deveres domésticos, convocava-as à construção do mundo novo do futuro, por serem as primeiras educadoras, responsáveis pelos alicerces do porvir na intimidade dos lares.

Quando se lhe acercavam, portadoras de enfermidades de vária ordem, ou perturbadas pelos Espíritos inferiores, libertava-as com imenso carinho, conclamando-as à perseverança nos propósitos superiores, maneira eficaz de se manterem indenes às influências perniciosas das forças do mal e da perversão.

Utilizadas sem a menor consideração pela sua feminilidade, quando surpreendidas no erro, sempre eram acusadas e punidas, mas nunca sucedia o mesmo com aqueles que a induziam ao delito ou as obrigaram à condição servil.

O preconceito contra as mulheres fizera-se abominável, hediondo.

Sempre há referências à adultera, à obsidiada e pervertida de Magdala, no entanto, há um silêncio total sobre os adúlteros, os obsidiados que buscavam a enferma vencedora de ilusões.

Jesus, que penetrava o ádito dos sentimentos, levantou sua voz e ofereceu sua compreensão às maiores vítimas dos erros, no caso, as mulheres infelizes, às quais orientou, procurando libertá-las do jugo subalterno a que se submetiam.

Não era, pois, de causar surpresa que as mulheres O seguissem, que oferecessem recursos em favor do ministério espiritual e fraternal que Ele inaugurara, agradecidas e comovidas ante o Seu amor.

Como consequência, a Ele se devem os primeiros gestos em favor da libertação feminina dos grilhões a que foram submetidas através dos milênios.

. . E foram as mulheres que não temeram as circunstâncias inditosas da via dolorosa, seguindo- O e compungidas, e ficando a Seu lado e ao lado de Sua mãe na tragédia da Cruz.

Como resposta de amor, foi à arrependida Magdalena, a que Ele apareceu por primeira vez depois da morte, entoando o hino incomparável de louvor à Vida, embora João e Pedro também houvessem visitado a sepultura onde fora inumado.


* * *

Narra o Evangelista Lucas, que algumas mulheres que haviam sido curadas de Espíritos malignos e de enfermidades, acompanhavam-no e aos doze, dentre as quais, Maria, chamada de Madalena, da qual haviam saído sete demônios, Joanna, mulher de Cusa, administrador de Herodes, Suzana e muitas outras que os serviam com os seus bens.

Não foram poucos aqueles a quem Ele libertara de Espíritos perversos, a quem restituíra os movimentos, abrira os olhos à luz, descerrara os ouvidos ao som, limpara o corpo das mais diferentes enfermidades, e todos O abandonaram.

Nenhuma voz se ergueu para defendê-Lo ou sequer para justificá-Lo.

As mulheres, no entanto, sem qualquer receio, estiveram na entrada triunfal de Jerusalém como no meio da soldadesca desvairada e do populacho ingrato, seguindo-O com fidelidade.

Sabia Jesus que o sentimento feminino, preparado para a maternidade, não teme sacrifícios nem receia situações penosas, porque é constituída para a renúncia de si mesma e para a abnegação até o holocausto, havendo-lhe sido confiada o ministério de amar as criaturas desde o momento da sua formação no seio.

Desse modo, investiu na sua sensibilidade e nobreza, conferindo-lhe confiança e concedendo-lhe a dignidade que lhe havia sido retirada pelas paixões subalternas dos legisladores antigos e dos profetas fanáticos.

Deus a todos fez com igualdade, estabelecendo polaridades para o elevado princípio da reprodução, sem qualquer inferioridade, como parte de outrem.

O Criador, que concebeu e gerou o Universo, jamais necessitaria de adormecer o homem para extirpar-lhe a costela elaborando a mulher. O processo da vida é o mesmo, organizando molécula por molécula sob a Lei de transformações incessantes e renovação intérminas.

No Seu código de amor, não há lugar para o mal, para discriminação, para a treva. . . Tudo são bênçãos edificantes em situações específicas para a finalidade geral da perfeição que está destinada a tudo e a todos.

As mulheres, ao lado de Jesus, eram as mãos do socorro, atendendo os enfermos, as criancinhas aturdidas e rebeldes que lhe eram levadas, providenciando alimentos e roupas, auxílio de todo jaez nas jornadas entre as aldeias e cidades, povoados e ajuntamentos.

A multidão sempre O seguia; a massa informe e sofrida, que se comove e se irrita, que segue o rumo e se extravia, que aplaude e apedreja conforme a situação, necessitando sempre de ajuda na retaguarda, colocando equilíbrio e esclarecimento, a fim de acalmar os ânimos e refundir coragem nos desalentos.

Eram suas vozes meigas e compassivas que tranquilizavam os exasperados antes de chegarem até o Mestre; sua paciência e gentileza que amainava a ira e a rebeldia precedentes ao contato com Ele, constituindo segurança e alívio para as provas que os desesperados carregavam em clima de reparações dolorosas.

Conhecidas já, aos seus afagos recorriam muitas outras mulheres sofridas e amarguradas, que experimentavam o opróbrio e a humilhação doméstica, e às quais confortavam com o seu próprio exemplo e fé.

Jesus as necessitava, nelas depositando esperanças em favor de um mundo novo onde não mais existissem as discriminações, nem os preconceitos de qualquer natureza.

Jesus e as mulheres!

. . E as crianças, e os homens de todos os tempos!

Por isso, Sua mensagem nunca mais desaparecerá da humanidade e jamais se apagará da memória dos tempos, até o momento do grande encontro com Ele, além das formas e da transitoriedade do mundo material.


8 - 2 e 3