Caminho Espírita

Capítulo III

dia a dia



Nas curtas viagens do dia a dia, todos nós encontramos o próximo, para cuja dificuldade somos o próximo mais próximo.

Imaginemo-nos, assim, numa excursão de cem passos que nos transporte do lar à rua. Não longe passa um homem que não conseguimos, de imediato, reconhecer. “Quem será?” — perguntamos em pensamento.


E a Lei de Amor no-lo aponta como alguém que precisa de algo:

se vive em penúria, espera socorro;

se abastado, solicita assistência moral, de maneira a empregar, com justiça, as sobras de que dispõe;

se aflito, pede consolo;

se alegre, reclama apreço fraterno, para manter-se ajustado à ponderação;

se é companheiro, aguarda concurso amigo;

se é adversário, exige respeito;

se benfeitor, requer cooperação;

se malfeitor, demanda piedade;

se doente, requisita remédio;

se é dono de razoável saúde, precisa de apoio a fim de que a preserve;

se ignorante, roga amparo educativo;

se culto, reivindica estímulo ao trabalho, para desentranhar, a benefício dos semelhantes, os tesouros que acumula na inteligência;

se é bom, não prescinde de auxílio para fazer-se melhor;

se é menos bom, espera compaixão, que o integre na dignidade da vida.


Ante o ensino de Jesus pelo samaritano da caridade, (Lc 10:29) poderemos facilmente entender que os outros necessitam de nós, tanto quanto necessitamos dos outros. E, para atender às nossas obrigações, no socorro mútuo, comecemos, à frente de qualquer um, pelo exercício espontâneo da compreensão e da simpatia.