Caminho Espírita

Capítulo LXIII

Voltarás por amor



Ante a fome de paz que te atormenta os dias, decerto já sonhaste com a disposição de repousar, além da morte, recusando o cálice de angústia que a existência carnal te sugere…

Cultivas a virtude e aspiras, sem dúvida, ao prêmio natural que o trabalho irrepreensível te granjeou.

Sofres e reclamas consolo…

Choras e pretendes alívio…

Entretanto, para lá das fronteiras terrestres, o amor te fulgirá sublime, no coração, como estrela surpreendente, mas ouvirás os soluços daqueles que deixaste sob a névoa do adeus…

Escutarás as preces de tua mãe e os rogos de teus filhos, quais poemas de lágrimas a desfalecerem de dor sobre a tua cabeça invadida de novas aspirações e tocada de novos sonhos.

Compreenderás a renúncia com mais segurança e exercerás o perdão sem dificuldade…

A consciência tranquila ser-te-á uma bênção; contudo, o anseio de ajudar fremirá no teu peito inspirando-te a volta.

E reconhecendo que o Céu verdadeiro não existe sem a alegria daqueles que mais amamos, regressarás por amor ao campo da luta para novamente experimentar e sofrer, esperar e redimir, adquirindo o poder para ascensões mais altas, porquanto, pela força do bem puro, descobrirás com o Cristo de Deus a luz da abnegação que nos impele sempre a horizontes mais vastos, repetindo também com Ele, aos companheiros de aprendizado, a divina promessa: — “Em verdade estarei convosco até ao fim dos séculos”, (Mt 28:20) porque não há felicidade para os filhos acordados de Deus, sem que todos os filhos de Deus entrem efetivamente na posse da felicidade real.




(Reformador, fevereiro de 1960, p. 40)