Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos.
O Homem-Jesus, totalmente livre da sombra individual como da coletiva, que pairava na sociedade da sua época, penetrava com facilidade na problemática profunda do ser, direcionando-se às causas essenciais que modelam a existência terrena. O Seu olhar percuciente alcançava o cerne da criatura ali identificando os reais conflitos, a psicogênese dos distúrbios emocionais e psíquicos que lhes diziam respeito, porque reconhecia no processo das múltiplas existências a causalidade dos acontecimentos na esfera física e no comportamento social. O ser integral não era aquele dissociado da legitimidade espiritual, que se apresentava aos olhos físicos, antes sim, aquele que se constituía de valores transcendentes ao campo da forma, originado na Espiritualidade.
Igualmente, por conhecer a paranormalidade - Ele mesmo na condição de médium de Deus -, sabia exortar para a busca da essencialidade interior em detrimento da aparência cômoda e perturbadora das exterioridades humanas. Elegendo os pobres e conflituosos, aqueles que eram detestados e não fruíam de oportunidade melhor na convivência social do dia a dia, além de quebrar as barreiras sociológicas e econômicas vigentes, que tantas infelicidades causavam e ainda produzem no grupo humano, demonstrava também a excelência dos Seus propósitos e a sabedoria da Sua eleição. Eram esses desditados os que mais necessitavam, porquanto os outros, os poderosos, os não excluídos, já se encontravam cheios do bafio da petulância e da pequenez, por momentos não necessitados de alimentação espiritual mais significativa, nem capazes de entender a sua mensagem. Muito preocupados com as questiúnculas do corriqueiro em que se debatiam, haviam perdido o contato com as ambições elevadas do significado existencial. Bastavam-se a si mesmos na névoa da ilusão em que se movimentavam ansiosos.
Trazendo a toda a Humanidade a proposta psicoterapêutica preventiva, através da qual seria possível a vivência da saúde integral, oferecia também a curadora, de modo que todos pudessem desfrutar das bênçãos que estão ao alcance de quem as queira vivenciar.
Todo o Seu ministério foi um hino de exaltação e vivência da liberdade, da conscientização do indivíduo, da sua autorresponsabilidade diante dos acontecimentos existenciais, dando início a uma forma nova de ver e entender todas as coisas.
Com a coragem que Lhe era peculiar rompeu com a tradição da ignorância e dos caprichos seitistas que dominavam no contexto dos interesses sociais sempre mesquinhos e interesseiros, que trabalhavam em favor dos astutos e dos ambiciosos, deixando ao desamparo e na miséria moral aqueles que não partilhavam dos grupelhos dominadores.
Nunca se permitiu o cultivo da hipocrisia ou de atitudes receosas, por isso mesmo propôs que não se deve pôr a candeia embaixo do alqueire, antes no velador, a fim de que a sua luz derrame claridade por toda parte, alcançando todos aqueles que se lhe acerquem, assim banhando-se de luz.
Outrossim, proclamou a necessidade de ser-se sincero e autêntico mediante uma proposta de desvelamento moral sem subterfúgios, na qual o ego não se sobrepõe ao Self, mascarando a realidade do ser existencial. Através dela, a coragem da fé se torna patente, em face da segurança em torno dos objetivosabraçados, sem os titubeios e incertezas que são comuns nas atividades imediatistas do consumismo de todas as épocas.
Jesus é um Homem extraordinário, sem precedentes na história da Humanidade, não podendo ser compreendido em um lance de simplicidade ou de aventureirismo cultural.
A complexidade da Sua vida transcende a uma observação mesmo quando cuidadosa, porque ultrapassou o tempo em que viveu e permanece acima do convencional, do estabelecido, do aceito e do conhecido.
A paranormalidade de que era possuidor tem características muito especiais, não podendo ser comparada com aquela cujas balizas foram estabelecidas pelo estudo hodierno realizado nas experiências de laboratório. Ninguém como Ele, que produzisse tão variada e complexa gama de fenômenos, conforme o fazia, sem estardalhaço ou quaisquer outras formas conhecidas de chamar a atenção.
A Sua austeridade não se permitia vulgaridade ou espetáculo, mantendo-se invariavelmente o mesmo, fosse quando recuperou das febres a sogra de Simão Pedro, na intimidade doméstica, ou quando deteve o vendaval sobre as águas agitadas do mar da Galileia, diante de várias testemunhas. . .
O cepticisimo desatento, entretanto, tem tentado minimizar a fenomenologia que realizou, propondo interpretações que lhe retirariam o conteúdo de realidade acima do habitual. Isto por falta de conhecimento das Leis que escapam ao controle objetivo e ainda permanecem algo desconhecidas, mas que por Ele eram perfeitamente identificadas.
Com esse poder de que se revestia, jamais atentou contra os Códigos Soberanos da Vida, mantendo-se inflexivelmente dentro dos parâmetros nos quais se deveria movimentar.
Assim, a Sua mensagem direcionava-se, como ainda hoje ocorre, aos enfermos da alma, cujos corpos, por consequência, se encontravam ou permanecem deteriorados.
O Seu brado de advertência constitui a terapia ideal, porque é aquela que, além de evitar a doença ou de curá-la, predispõe o paciente para que não mais se permita afetar, pairando sobranceiro acima dos contingentes perturbadores e causadores de degenerescências habituais: físicas, emocionais, psíquicas, morais.
Mediante esse destemor, não distinguia pecadores de sadios, mantendo o mesmo intercâmbio com as diferentes camadas dasociedade, porque sabia que todos os indivíduos que se encontram na Terra estão em conserto dos efeitos dos atentados que praticaram contra si mesmos.
Aqueles que se mascaravam de puros e se apresentavam como portadores de virtudes facilmente identificadas pela aparência, jamais pela profundidade em que se agitavam, eram-no conforme faziam crer. A verdadeira pureza não se tornava de fácil constatação, porque jaz no imo do ser, e este permanece ingênuo e simples como uma criança, jamais perverso, julgador inclemente, discriminador constante. . .
Ao mesmo tempo, amava-os a todos com igual sentimento de compaixão, como Terapeuta compreensivo e conhecedor das recidivas que os pacientes se permitem por incúria e insensatez contumazes.
A esses enfermos da alma, os esquecidos pela sociedade, além da consolação que lhes poderia oferecer, ministrava-lhes o pábulo da saúde e da esperança, proporcionando-lhes entender os mecanismos da vida extrafísica e atendendo-lhes também as faculdades espirituais entorpecidas ou perturbadas por forças desencarnadas.
Inerente a todos os seres humanos, Ele identificava a mediunidade, que é neutra em si mesma, podendo expressar-se no bruto, no perverso, no imoral, assim como no gentil-homem, no missionário do bem, no abnegado seareiro da luz, e estimulava a todos que mantivessem uma conduta saudável e vinculada ao Pai. . .
Causa surpresa constatar-se que, não poucas vezes, essa faculdade surge em pessoas moralmente descredenciadas para o seu exercício, e que, por efeito, utilizam-na mal, complicando-se a si e aos outros confundindo. Sucede, porém, que a luz é oferecida a todos com igualdade de ensejos, cabendo a cada qual utilizá-la conforme lhe seja mais útil, assim gerando as consequências que advenham após a forma da sua utilização.
Ela proporciona o intercâmbio com os Espíritos, abrindo as portas da imortalidade a todos quantos anelem por adentrar-se rumando na direção do Infinito e beneficiando-se das incomparáveis concessões que podem fruir.
Assim, portanto, é concedida a todos os seres humanos, especialmente aos enfermos da alma, para que não se possamjustificar de ignorância ante a causalidade da vida e a sua realidade após a morte.
Por não ser uma faculdade que coloca a criatura em contato apenas com as virtudes dos Céus, mediante a lei de sintonia faculta o comércio emocional e o convívio com os Espíritos que são semelhantes aos indivíduos que se lhes submetem por comodidade ou desinteresse na mudança de hábitos.
Graças a essa liberdade de escolha a respeito daqueles com os quais se podem ou querem comunicar os portadores de mediunidade, cada um segue o rumo que melhor lhe apraz, aprendendo a conquistar com as lições que recebe o mais eficaz comportamento que lhe proporcione felicidade.
É emocionante constatar-se que o Terapeuta por excelência jamais se recusa a atender quaisquer pacientes em todos os momentos, desde que se Lhe facultem adentrar na casa do coração e O recebam nos tugúrios de sofrimento onde se refugiam.
Assim, regozijem-se todos os seres humanos com a Mensagem de Jesus, deixando-se penetrar pela proposta de saúde moral e de paz real que proporciona, porque os sãos não necessitam de médico.