Sutil, faz-se agradável, penetrando a pouco e pouco as resistências que a obstaculizam.
Aqui surge discreta, produzindo simpatia; ali se apresenta comedida, causando interesse; noutros lugares assume características enlevantes, conseguindo cordialidade, aceitação.
Raramente assoma frente a frente, mas, quando tal ocorre, seus efeitos são imediatos, trágicos. .
Na vilegiatura que empreende ao redor de todos faz-se voraz, no entanto, quando rechaçada ou deixada à margem, reúne forças e retoma o caminho, revestindo-se de novo aspecto, a fim de insistir no programa nefando.
Insaciável, seduz paulatinamente, com promessas de ventura, destruindo os que lhe caem nas malhas. . .
Conivindo às suas diretrizes mesmo por negligência, somente poucas vítimas logram liberação. Quando tal ocorre o tributo a pagar é de alto e penoso valor.
Referimo-nos à tentação.
Tóxico, envenena facilmente.
Ácido, queima e requeima sem parar.
Prazer, dilui os sentimentos e anestesia os deveres dilacerando a responsabilidade, deixando inermes os valores morais que exornam o caráter.
Não se lhe dê trégua em momento algum.
Sua força faz-nos recordar a lendária Fênix ressurgindo das cinzas em que se consumira.
Pode estar presente na ira e viver no ódio ultriz; aparece no ciúme e se alimenta na vingança; vige na ambição de qualquer porte e respira no clima da usura; agride na traição e ressurge na hipocrisia. . .
Nem sempre, porém, se permite identificar através dos aspectos negativos, repelentes.
Mais cruel e poderosa quando disfarçada de mentira dourada ou ilusão subornante, pelo tempero da censura, ou no açodar dos instintos com habilidade, no envolver da bajulação. . .
Necessário vigiar as entradas do coração e permanecer no posto da prece.
A vigilância regular, insistente, é-lhe o antídoto valioso, incorruptível de que ninguém pode prescindir para colimar êxito nos empreendimentos relevantes do bem.
Examina a própria fragilidade e não permitas que a presunção te cicie quimeras, porquanto, através dela, não poucas vezes a tentação tem acesso ao espírito, neste estabelecimento morada da qual só mui raramente vai expulsa e, quando ocorre ser exilada, deixa marcas de difícil extinção.
Ora, portanto, mas vigia, também.