Quando a chispa do ódio lavrou o Incêndio da malquerença, deixaste-te carbonizar pelas chamas do desespero. . . Quando o veneno da intriga te visitou a casa do coração, permitiste-te a revolta que se converteu em injustificada aflição. . . Quando o chicote da calúnia estrugiu nas tuas intenções nobres, concedeste- te a insensatez do desânimo que se transformou em enfermidade difícil. . . Quando a nuvem da discórdia sombreou o grupo feliz das tuas amizades, julgaste-te abandonado, destroçando os planos superiores da edificação da alegria, onde armazenavas sonhos para o futuro. . . Quando o fel do ciúme tisnou o sol do amor que te iluminava, resvalaste na alucinação morbífica que te aniquilou as mais belas expressões de amparo pelo caminho redentor. . . Quando o ácido da irritabilidade alheia te foi atirado à face, foste dominado pela fúria da reação desvairada, fazendo-te perder abençoada ocasião de ajudar. . .
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Tudo porque esqueceste da justa e necessária dose de amor. Uma baga apenas teria sido suficiente. Se amasses, todavia, com legítima qualidade de amor, o ódio cederia lugar à expectativa do bem, a intriga se desagregaria, a calúnia seria dissipada, a discórdia se apaziguaria, o ciúme se teria anulado, a irritabilidade se dulcificaria e a vida, então, adquiriria a sua santificante finalidade. Com a moeda do amor se adquirem todos os bens da Terra e os incomparáveis tesouros do Céu.
O amor persevera — insistindo nos propósitos superiores que o vitalizam. Convence — produzindo pela força da sua magnitude a excelência dos seus propósitos. Transforma — pela natureza dulcificadora de que se constitui. Dignifica — em razão do conteúdo de que se faz mensageiro. Liberta — por ser o poder da vida de Deus transladada para toda a Criação. O amor — alma da vida e vida da alma —é a canção de felicidade que vibra do Céu na direção da Terra, sem encontrar, por enquanto, ouvidos atentos que lhe registrem a incomparável melodia, de modo a se transformar em harmonia envolvente que penetra até onde cheguem as suas ressonâncias. . .
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Ele se misturou às massas sofridas, e era a Saúde por Excelência; se submeteu a arbitrário interrogatório, e era Juiz Supremo; se permitiu martírio infamante, e era o Embaixador Sublime de Deus; se deixou assassinar, e era a Vida Abundante — por amor. E pelo amor retornou aos que o não amaram para ensinar a supremacia da Verdade sobre a ignorância e do bem sobre o mal, oferecendo-se pelos séculos porvindouros, porque o amor é a manifestação de Deus penetrando tudo e tudo sublimando.
"Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem".
(Lucas 6:31)
"Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano; ao amor verdadeiro, ele, a seu malgrado, cede. É um ímã a que não lhe é possível resistir. "
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 11º — Item 9,, parágrafo 5)