Agora que assimilaste o precioso conteúdo das lições espiritistas, deparas com as excelentes concessões da vida que já não podes desconsiderar. A fé, que então clareia os teus passos, se mantém graças ao combustível da caridade, que podes utilizar indefinidamente, por estar ao alcance dos teus recursos. Em razão disso, já não te podes permitir navegar como antes: em "maré baixa". Descobriste os recursos do otimismo, e conquanto haja sombra circundando a tua oficina de ação nobilitante, abre a janela da esperança e vislumbra adiante a claridade que logo mais te envolverá. Nominalmente convocado ao pátio da censura ou ao balcão das queixas e reclamações, concorre com o rol da compreensão e da afabilidade, da mansuetude e da desculpa espontânea aos que não compartem contigo os propósitos de elevação, insistindo na tarefa encetada. Conhecendo as "leis dos fluídos" poderás facilmente identificar as companhias espirituais, saindo pela porta da oração dos redutos de vibrações negativas e perniciosas em que te encontres. Se te sentires inquieto no serviço que te compete realizar, insultado por companheiros que não acreditam no teu esforço, silencia e produze mais. Se perturbações de variada ordem te impedem de prosseguir na execução do programa da tua própria libertação, não lamentes nem recalcitres: eleva o pensamento aos Planos da Misericórdia Divina e labora ainda mais. Assediado psiquicamente por Entidades levianas ou perseguidoras, trabalha pelo bem de todos, utilizando os recursos de que disponhas e preenche os espaços mentais vazios, não concedendo trégua à ociosidade. Vencido pela fadiga desta ou daquela natureza, renova as força, meditando uma página consoladora antes lida. Algumas vezes o veneno da ira amargurará teus lábios; em muitas ocasiões a balbúrdia dos desocupados te atordoará, envolvendo-te em atroada avassaladora; repentinamente sentirás a mágoa insidiosa e injustificável, açulando a indiferença muda, que te ameaça, cruel; a tentação de "tudo abandonar", reiteradamente chegará à tua casa mental; a deserção de inúmeros companheiros será estímulo para o teu desânimo; as facilidades do caminho estarão fascinantes à tua frente, convidativas; e perguntarás: que fazer?
Recorre aos recursos espíritas: ora, e ora sempre, para adquirires resistência contra o mal que infelizmente ainda reside em nós; permuta conversação enobrecida, pois que as boas palavras e os pensamentos bons renovam as disposições espirituais; utiliza o recurso do passe socorrista, rearticulando as força em desalinho; sorve um vaso de água fluidificada, restaurando a harmonia das células em desajustamento e, sobretudo, realiza o bom serviço. Nenhum mal consegue triunfo no terreno reservado ao bem atuante. Não te concedas a insensata cooperação com o pessimismo ou o desalento, a rebeldia ou o egoísmo, estimulando a produção do ôrro ou a multiplicação da anarquia. Aquele que conhece o Espiritismo é beneficiário do Consolador, em cuja fonte haure força e resignação, mas é, também, amigo da Verdade, em cuja companhia não tergiversa, sejam quais forem as circunstâncias, avançando em rumo definido, certo da vitória final. Tem como modelo e guia Jesus, cujo chamado escutou e atende, prosseguindo na marcha após "renunciar a si mesmo, tomar a própria cruz" e transformar-se em espírita autêntico, o que equivale a cristão verdadeiro.
"Se podes! Tudo é possível àquele que crê".
(Marcos 9:23)
"Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as consequências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos".
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 17º — Item 4, parágrafo 2)