Fé, Paz e Amor

Capítulo VII

Favores



A Bondade Infinita de Deus, a expressar-se nas leis que nos regem, doa sempre, auxiliando aos homens conforme as conveniências da vida.

Por isso mesmo, é preciso considerar que entre o Pai que concede e o filho que pede interpõem-se o merecimento e a necessidade.

Ninguém recolhe o bem sem conquistá-lo e ninguém recebe o mal sem atraí-lo.

Assim, pois, em qualquer requisição à Providência Divina, recordemos nossa própria situação à frente dela.

Lembremo-nos de que a árvore é amparada pelo pomicultor, a fim de que produza; o animal é nutrido pela natureza para retribuir-lhe em cooperação; o operário na oficina é contratado para servir; e o aluno é admitido no educandário a fim de crescer em conhecimento…

Assim sendo, antes de endereçar requerimento à Vida Superior, é aconselhável examinemos qual tem sido o nosso concurso, em benefício da vida, no plano em que nos achamos.

Muitos aprendizes da fé recorrem aos Amigos Espirituais, solicitando-lhes auxílio nessas ou naquelas aquisições de ordem material; entretanto, é imprescindível compreender que os verdadeiros amigos de nossas almas jamais nos estimularão à preguiça ou à indocilidade, à teimosia e à negação.

Suspeitemos, dessa forma, de qualquer proteção gratuita aos nossos desejos, quando conscientemente estamos convencidos do nosso dever de renovação e progresso.

Tão perigoso é invocar favores delituosos entre os homens, quanto rogá-los no mundo dos Espíritos, porque a ociosidade e a viciação, em toda parte, possuem adoradores e o preço dos obséquios imerecidos é sempre o compromisso com a sombra extremamente difícil de resgatar.

Aceitemos a luta por aprendizado bendito em nosso roteiro de ascensão.

Dor, dificuldade, tentação, pobreza, infortúnio, solidão, incompreensão, embaraços e provas constituem a força da escola em que nos situamos, na qual edificaremos nossa vitória futura.

E, convencidos de que a Lei dá sempre, seja o mofo ao pão inutilmente armazenado ou a limpidez à fonte que auxilia a todos, procuremos nela, pelo nosso trabalho e por nossa conduta, o limitado bem de hoje que nos conduzirá ao Infinito Bem de amanhã.