Fé, Paz e Amor

Capítulo XX

Em louvor da bondade de cada dia



Se a sabedoria popular situou na Terra o culto da fraternidade no primeiro dia de cada ano não nos esqueçamos de que a Lei do Senhor nos induz a procurar a bondade para o alicerce das nossas horas de cada dia.

Quem se confia ao luxo de sustentar adversários, tece a rede em que se lhe paralisam as concepções e em que se lhe estagnam os sentimentos.

A Natureza sempre sábia oferece-nos em seus mínimos departamentos a lição de interdependência e de tolerância para que a vida alcance os elevados fins a que se dirige.

Se a semente hostilizasse a cova que lhe subtrai a vida da claridade solar, a mesa não receberia a bênção do pão.

Se o solo recusasse o concurso da lâmina que o fere, a esterilidade converteria o campo num imenso deserto.

Se a madeira guerreasse a enxó que lhe aplaina as arestas, desapareceriam as comodidades da civilização.

Se a atmosfera duelasse com a tempestade, o ar não se purificaria.


É indispensável receber os atritos da existência e suportá-los com humildade heroica, se nos achamos realmente interessados na aquisição de progresso efetivo.

E semelhantes atritos, de mil modos diferentes, nos atingem as tarefas diárias, na interferência, na opinião, na visita ou no conceito daqueles que, de pronto, ainda não nos podem compreender.

Reconheçamos que nem todos conseguem observar o mundo e a vida pelos nossos olhos ou pelo nosso modo de ser.

Cada criatura se caracteriza pelo degrau evolutivo em que temporariamente estagia.

Assim sendo, busquemos o Cristo para confidente de nossas inclinações afetivas, orientador de nossos trabalhos, juiz de nossos sentimentos, companheiro de nossa jornada e, nas expressões do amor, do serviço, do ideal e da luta a que somos chamados cada hora, tê-lo-emos por Mestre Infalível e por Amigo Generoso a garantir a paz por luz sublime em nós mesmos.

Fazer inimigos é leviandade que devemos corrigir. Cultivá-los é loucura capaz de arrojar-nos a sinistros despenhadeiros.

Começando cada Ano Novo sob o signo da fraternidade, atendamos com o Senhor à necessidade de sermos melhores, uns para com os outros, no transcurso de cada dia.