Urgência

Capítulo V

Prevenções



Não permitas que a prevenção negativa te obscureça o pensamento.

A imaginação intoxicada por ideias infelizes é capaz de gerar enfermidades que, por vezes, raiam na loucura ou na delinquência.

Habitua-te a refletir com elevação nas razões alheias, tanto quanto agradeces, aos que te rodeiam, a compreensão com que acolhem as tuas, nessa ou naquela circunstância, a fim de que a paz permaneça contigo.

Não mentalizes o mal, quando determinadas atitudes dos outros se te afigurem diferentes.

O amigo que se te afastou da convivência terá problemas graves que ainda não conheces;

a irmã que, de momento, não te considerou a palavra, decerto estaria fixando a atenção em assuntos outros que lhe prenderam os ouvidos em provisória surdez;

o chefe ou o subalterno que te receberam em serviço com o sobrecenho carregado serão talvez portadores de crises orgânicas ainda imanifestas;

e o colega que te tratou com aspereza provavelmente se mostra aturdido por desastres ou provações em família que lhe inibem, por agora, o prazer da cordialidade.


Resguarda a tranquilidade própria, a fim de que não a percas.

Vigilância é higiene do espírito.

Prevenção negativa, no entanto, é censura antecipada.

Não adquiras pensamentos destrutivos na feira da desconfiança.

Imuniza-te contra o desequilíbrio, mas não te armes contra ninguém.

Conserva o coração no clima da paz e da alegria e reconhecerás que é possível viver tranquilamente, desde que deixemos aos outros a iniciativa de assumirem as próprias experiências e igualmente viver.