Que se dirá do médico que teme o contato com a enfermidade que desfigura o semblante do doente; do advogado que receia a convivência com os malfeitores; do mestre que abomina ensinar a crianças difíceis; do juiz que se poupa a examinar contendas e desdenha enfrentá-las; do amigo que foge aos ensejos de ser útil; do servidor que ressona em pleno serviço; do aprendiz que desrespeita o ensino; do cristão que, no exercício da caridade, zelando pelo equilíbrio pessoal, se furta ao trabalho eficiente ao lado de infelizes e desajustados? Qual o homem que se pode dizer realizado sem se conhecer a si mesmo; que se pode considerar vitorioso sem haver saído triunfador da luta íntima; que espera o deleite da paz sem haver modificado as disposições bélicas do espírito; que aspira a amplos horizontes e não é capaz de caminhar através de pequenas rotas com segurança; que espera triunfos e não se permite ajudar; que aguarda Jesus e ainda não sabe descobrir o Cristo nos corações atribulados que defronta pelo caminho? Que se pode pensar de um crente que se debate, amargurado, quando afligido por naturais problemas; que se revolta ante as dificuldades que todos defrontam na jornada; que se afaga nos vasilhames da queixa improdutiva; que se desespera ante as oportunidades do aprendizado e que se deixa vencer pela cólera, quando no exercício do socorro ao próximo?
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O Evangelho, como sempre, apresenta no Excelso Mestre a resposta transparente e nobre! Instado ao desespero por dificuldades de toda natureza e acoimado por famanazes do poder temporal, a situações difíceis, perseguido pela inveja e desconsiderado pelos que O não podiam entender, conduzido ao sarcasmo e à zombaria, vez alguma se deixou descoroçoar no ministério de amor empreendido ou se permitiu isolar-se da comunhão com os aflitos. Em toda e qualquer circunstância esteve ao lado dos sofridos e desamparados, conquanto reconhecesse que isto lhe custaria a vida – não temeu, não se evadiu. . . Mesmo quando injustamente foi arrastado à infame punição indébita pela Crucificação, dignificou as traves de madeira, transformando-as, desde então, no símbolo perfeito da redenção e do martírio para quantos tenham os olhos postos na glória da Imortalidade.
“As obras que eu faço em nome de meu Pai, dão testemunho de mim".
(João 10:25)
“Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito, para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso".
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 5º — Item 9)