Florações Evangélicas

CAPÍTULO 27

SACRIFÍCIO



Não cogites de eliminar da órbita das atividades a que te vinculadas, objetivando a redenção do próprio espírito, o sacrifício, que é cantinho de redenção. Todos os pés que transitam pelas dificuldades aprendem a contornar obstáculos e a vencer impedimentos. As mãos que se calejam no afã sublime da produtividade perdem a sensibilidade às coisas vãs que agradam a cobiça e a insensatez, e o corpo, em geral, disciplinado pela continência e educado na contenção, transforma-se em veículo dúctil e nobre ao cumprimento dos deveres superiores da vida. Sacrifício é, também, atestado inequívoco de devoção ao bem e à verdade. Examina a história dos crucificadores e vê-los-ás triunfantes sob o aplauso da ilusão enlouquecida, carregados em triunfo momentaneamente, enquanto os crucificados permanecem em silêncio. Logo, porém, eles passam e aqueles que foram as suas vítimas levantam-se do olvido para perpetuarem, através do martírio de que foram instrumento, os ideais nobilitantes da vera Humanidade.
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Falar-te-ão da necessidade de poupares as tuas energias quando aplicadas ao Bem; conclamar-te-ão à inutilidade do nada e à vaidade enganosa, como explicando a nulidade do investimento homem, nos turbulentos dias da atualidade; estimular-te-ão emoções grosseiras, o cultivo de idiossincrasias, fazendo-te aferrado ao azedume, à intolerância e à perniciosidade. Outras bocas apresentarão aos teus ouvidos os convites da felicidade, qual estupefaciente que absorvido produz o sonho ilusório, antecedendo o despertar da crua e inditosa realidade. . . Quando, porém, fascinado pela quimera perceberes o engodo em que caíste e desejares retornar; quando descobrires que tudo não passou de um sonho de loucura acalentado numa hora de angústia; ao perceberes que estes na Terra e que por enquanto o Planeta se mantém sob o fragor das provações e o sopro dos sofrimentos e desejares buscar aqueles que foram comparsas da tua desdita, possivelmente não os encontrarás receptivos nem ateveis ao teu lado. . . Consultados dir-te-ão: “Não sabias? Que esperavas do mundo, tu que emboscaste o Cristo no coração e o atiraste fora, no lodo da paixão? Agora, caro amigo, é contigo". Verificarás, então, somente na via da soledade, o peso do remorso e o travo de amargura sem nome. Nessa hora, todavia, com sacrifício te imporás o recomeço difícil e necessário. Sacrifica-te, pois, antes, renunciando, não cedendo ao mal, olvidando vaidades e superstições. Sacrifica à vida a tua vida para que a paz te entesoure as moedas da harmonia interior. Chegarás, depois, à conclusão do porque Ele, teu Amigo Divino, preferiu o sacrifício a todo instante, desde as palhas úmidas de um estábulo pobre, às jornadas a pé sob sol causticante, o encontro e a convivência com as pessoas mal cheirosas dos caminhos, em regime de misericórdia para com os pecadores e infelizes até a hora da cruz de ignomínia e de horror, sacrificando-se sempre para a fulguração perene como Rei Excelso em plena Glória Solar.


“O reino dos céus é tomado à força, e os que se esfor çam, são os que o conquistam".

(Mateus 11:12)


“O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte, quando se trate de ser útil, em afrontar o perigo, em fazer, de antemão e sem pesar, o sacrifício da vida se for necessário"

São Luiz - (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 5º — Item 29, parágrafo 2)