Na desenfreada correria da ambição, a que se vê impelido, o homem moderno investe. Investimento na bolsa de valores, perseguindo moedas, acumulando títulos contábeis. Investimento nas loterias, tentando as raras explosões da “sorte". Investimento em negócios mirabolantes, buscando resultados de alta compensação. Investimento nos jogos cambiais, ante as perspectivas da oscilação frequente da moeda-ouro, na balança internacional, para os cometimentos da estroinice. Investimento em empresas audaciosas, aspirando às promoções no campo dos altos negócios do utilitarismo. Investimento no mercado de capitais, para os grandes jogos financeiros, de modo a alcançar as altas metas do poder terreno. Investimento da saúde nas competições desportivas, disputando primazia. Investimento da paz, nos complexos mecanismos da usura como da desonestidade, por cujos processos supõe e quer vencer. . . E não poucos são vencidos em tais investimentos, padecendo neuroses angustiantes, aflições inomináveis, desgovernos odientos.
* * *
A máquina publicitária, muito bem trabalhada para estimular a ganância dos incautos que sintonizam com os refrões da moda negocista, estimula o comércio hediondo do sexo desgovernado, conspirando afrontosamente contra as fontes genésicas, abastardando-as, ante a conivência e aceitação mais ou menos generalizada. A onda alucinógena, invadindo lares e educandários, reduz as aspirações da inteligência e as expressões da emotividade, conduzindo todos às fugas espetaculares da realidade objetiva, facultando inevitáveis conúbios obsessivos com desencarnados do mesmo teor, em intercâmbio nefário. A pregação da filosofia cínica encarrega-se de descoroçoar os ideais da beleza, fomentando os campeonatos da insensatez como da desordem, reduzindo a cultura e a moral à condição de ultrapassadas pelo impositivo da nova ordem em que os valores apresentados são destituídos de valor real.
* * *
Indubitavelmente o progresso é imperiosa necessidade de crescimento. Progressos, no entanto, na vertical das conquistas superiores e não na horizontalidade das paixões animalizantes e dos agentes dissociativos da comunidade, da família, do indivíduo. Investe, porém, tu, no espírito imortal. Sem que abandones o campo de trabalho onde foste convidado a operar, lembra-te dos tesouros inesgotáveis da vida e aplica algum capital de horas, de valores monetários, morais, intelectuais e da saúde nos sublimes comércios com a Espiritualidade Superior. Com certeza, no jogo dos investimentos chegará a hora da prestação de contas, e então compreenderás que os investimentos imediatos ficarão retidos nas aduanas da Terra, enquanto os da vida abundante e somente estes, seguirão contigo por todo o sempre.
“Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos".
(Mateus 25:28)
“Aquele que se identifica com a vida futura assemelha-se ao rico que perde sem emoção uma pequena soma. Aquele cujos pensamentos se concentram na vida terr estr e assemelha-se ao pobre que perde tudo o que possui e se desespera".
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 2º, — Item 6, parágrafo 3)