À Luz da Oração

Capítulo XXVIII

Oração da filha de Deus



Meu Deus, deponho aos teus pés

Meu vestido de noivado.

Meus pesares do passado

E as rosas do meu jardim…

Pois, agora, Pai Querido,

Somente vibra, em meu peito,

Teu Amor Santo e Perfeito,

Teu Amor puro e sem fim.


Ah! Meu Pai, guarda contigo

Meu cofre de arminho e ouro,

Onde eu guardava o tesouro

Que me deste ao coração.

Entrego-te as minhas horas

Meus sonhos e meus castelos;

Meus anseios mais singelos,

Minhas capas de ilusão!…


Pai dos Céus, guarda a coroa

Das flores de laranjeira

Que eu teci a vida inteira

Como pássaro a cantar!

Oh! Meu Senhor, como é doce

Partir os grilhões do mundo

E esperar-te o amor profundo

Nas bênçãos do Eterno Lar.


Em troca, Meu Pai, concede,

Agora que me levanto,

Que a Lã do Cordeiro Santo

Me agasalhe o coração!

Que eu calce a sandália pobre

Para a grande caminhada,

Que me conduzirá à Morada

Da Paz e da Redenção.




— Estes versos foram ditados para uma jovem moribunda, recém-casada, que desencarnou alguns dias depois.