À Luz da Oração

Capítulo LXXXVII

Em torno da oração



Antes de pedir pão à Providência Divina, não menosprezes o esforço por obtê-lo.

Antes de rogar a paz em teu benefício, não olvides a consciência reta, para que a tranquilidade não te abandone.

É preciso lembrar que as súplicas humanas não devem estorvar as concessões Divinas.

Sendo a Terra nossa escola multimilenária, cada aprendiz, dentro dela, recolhe a lição que lhe cabe. É por isso que vemos, a cada passo, dificuldades materiais que preservam a integridade do espírito, moléstias que funcionam por mazelas do corpo, em favor da higiene da alma e inibições físicas que asseguram a defesa do coração contra a descida ao despenhadeiro.

Aprendamos a ver nos infortúnios de agora os elementos vivos que nos garantirão a felicidade depois.

Campo a dentro do Espiritismo com Jesus, não podemos abraçar na prece a válvula de escape injusto. Sabemos que a Ordem Universal não nos perde de vista e que todos recebemos hoje de acordo com as nossas obras de ontem. Assim sendo, mantenhamos a oração como escada de luz, no intercâmbio com o Plano Superior, à procura da inspiração divina, de modo a sermos mais úteis ao próximo e mais conscientes em nós mesmos.

E, não desconhecendo a nossa obrigação de aprender e servir, infatigavelmente, peçamos ao Senhor não para que a nossa cruz se desfaça antes do momento oportuno, mas que se nos amplifique a resistência nos ombros a fim de que a suportemos com a dignidade devida.

Valiosa é a prece que transforma situações e paisagens exteriores, embora muitas vezes nos aumente os compromissos; entretanto, é imperioso não esquecer, que a oração mais sublime é aquela que nos renova por dentro, ajudando-nos a crescer mentalmente para discernirmos com segurança e amparando-nos a visão íntima para que estejamos, cada dia, não na pauta de nossos próprios desejos, mas segundo a vontade sábia e misericordiosa de Deus.