Enquanto o Tempo segue renovando Os quadros da existência a que se atrela, Indagas, muita vez, alma querida e bela, Como vencer na prova a te agredir… De tudo quanto aprendo, entre as lições do mundo, Dá-me a estrada, na luta a que me vejo exposta, Quatro verbos distintos por resposta: — Amar e compreender, trabalhar e servir. A própria Natureza é um livro aberto… Se inquirisses do sol no firmamento Como brilhar sem pausa, firme e atento, Nutrindo mundos sem se consumir:.. Ele, decerto, te responderia Que o Senhor lhe traçou por alta obrigação Cumprir as leis da vida, tais quais são: — Amar e compreender, trabalhar e servir. Interroguei, um dia, à roseira podada, Já que se lhe furtava o véu de rosas A pancadas e injúrias espantosas, Como devia a pobre reflorir; Ela, porém, me disse, humilde e crente: — “Enriquecer a Terra é o meu dever E, se quero evoluir, necessito aprender Amar e compreender, trabalhar e servir.” Vejo tratores retalhando o solo, Dinamites na serra, a parti-la, de todo, Fontes varando tremedais de lodo, Árvores venerandas a cair… E se busco entender a dor do campo, Nesses despojamentos que pesquiso, Cada elemento fala que é preciso Amar e compreender, trabalhar e servir. Assim também, alma fraterna e boa, Se trazes sob o Tempo, aflições e problemas, Constrói, age, confia, crê, não temas E resguarda no peito o anseio do porvir; Por mais sofras, não pares, segue à frente, Enquanto cada dia surge e avança, Eis que o Céu nos repete, através da esperança: — Amar e compreender, trabalhar e servir. |