Às vezes, alma irmã, dizes que a vida É um tecido de lutas colossais, Que não tens paciência de sofrê-las, Que não suportas mais. Acalma-te, no entanto, pensa e nota: Sem que os problemas surjam tais quais são, Tudo seria o caos no campo da existência, Deserto sem degraus de elevação. — “Paciência — explicou-nos sábio amigo —, É o respeito ideal que se mantém, Entre os seres e as vidas que se entrosam Para a realização do Eterno Bem.” Para que não se faça barro e lodo, Pântano incomodando o próprio ar, Deve a fonte servir no curso a que se prende, No anseio de atingir a grandeza do mar. Se o trigo recusasse a mó que o pulveriza, Faria nobre prato com certeza Ou talvez fosse adorno para o mundo, Mas não seria pão brilhando à mesa. Sem controle da usina que a governa, Depois de acumulada onde se ativa, Seria a força da eletricidade Unicamente força destrutiva. Se quisesse fugir da órbita a que atende, Seria o próprio sol, nos espaços profundos, Um monstro luminoso sem destino, Perturbando a mecânica dos mundos. Paciência, alma irmã, é o dom do entendimento, A honra de servir que temos ao dispor, Para erguer, ante os Céus, nos distritos da Terra, O caminho da Paz e a presença do Amor. |