Sofres e lutas? Alma fraterna, enquanto aqui me escutas, Imagina a caudal de sofrimentos Que rola pelo mundo… Pensa nos dias lentos Dos que gemem a sós, de segundo a segundo, Do pardieiro humilde aos grandes hospitais… Se, em verdade, pudesses Contar as lágrimas e as preces Que surgem sem cessar Nos que faceiam duras provações Sem apoio e sem lar, Carregando nos próprios corações Inquietação, angústia, sombra, desventura… Se pudesses somar As chagas, os desgostos e os gemidos Na alma triste e insegura Dos irmãos perseguidos Por pedradas da injúria e açoites do pesar… Se enumerasses todas as crianças Que por falta do amor a que te elevas, Sofrem deformações, suplícios e mudanças, Da infância rejeitada à revolta nas trevas. Se pudesses fitar, analisar, transpor, No caminho em que avanças Aflições que talvez nunca enxergaste em derredor, Certo que a tua dor Ficaria menor. |