Ouço-te, alma querida, a pergunta frequente: — “Como vencer tanta barreira à frente? Tanto empeço ao redor? Tanta prova em caminho? Tanta pedra a cercar-me? Tanto espinho? Como entender o lar em conflito constante? Sinto-me qual formiga, enfrentando um gigante, — O gigante da dor em que me vejo… Por que lutar assim, se a paz é o meu desejo?!…” Se posso responder-te, apenas digo: — Não te atormentes, coração amigo, A vida sobre a Terra é internato na escola. O sofrimento que te desconsola Em cada fase vale por ensino Que te habilite à promoção A mais alto destino, Na conquista ideal da perfeição… Observa contigo a imensa caravana: Os companheiros da família humana… Não acharás ninguém sem luta e sem problemas… Esse irmão, rente a nós, caminha nas algemas Da enfermidade em que se desfigura; Aquele, a tropeçar na desventura, Suporta a incompreensão dos seres mais queridos; Outro exibe nos ombros doloridos, Embora ocultamente, A cruz de quem governa muita gente, Sem que o mundo perceba quanto dói O fardo que o mantém Preso ao nobre suor de quem serve e constrói Para a extensão do bem; Outros se arrastam carregando Tribulações em bando: Filhos em lamentável rebeldia, Buscando a fuga em marcha estranha e cega, Voltando ao lar depois pela senda sombria Do presídio da angústia que os segrega E amargas provações que surgem de surpresa, Desânimo, penúria, abandono, tristeza… Entretanto, alma boa, Não te revoltes, segue!… Ama, perdoa, Aceita-te como és e trabalha onde estás… Obrigação cumprida é o caminho da paz. Sofre e abençoa, chora mas porfia Aprendendo as lições de cada dia… A existência na Terra é a subida escarpada E o dever nos recorda o símbolo da cruz; Segue e agradece a Deus a aspereza da estrada Que te eleva da sombra à exaltação da luz!… |