Indagas, muita vez, alma querida e boa: — “Meu Deus, por que essa dor que me atormenta o ser?” E segues, trilha afora, em pranto oculto, De sonho encarcerado, a lutar e a sofrer. Anhelas outro clima, outro lar e outros rumos, Entretanto, o dever te algema o coração dorido Ao campo de trabalho que abraçaste, Atendendo, na Terra, a divino sentido. Antes de renascer, os seres responsáveis Notam as próprias dívidas quais são E suplicam a Deus lhes conceda no mundo O caminho que os leve à redenção. Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos Que te parecem fardos de problemas, Encontras-te no encalço da conquista De bênçãos imortais e alegrias supremas. A lágrima que vertes padecendo Longas tribulações, entre lutas e crises, É um remédio da vida, em nossos olhos, Que nos faculte ver os irmãos infelizes. O abandono dos seres que mais amas, Criando-te a aflição em que choras e anseias, É um curso de lições em que aprendemos Quanto custam na estrada as angústias alheias. Familiares que te contrariam Trazem-nos à lembrança os gestos rudes Com que outrora ferimos entes caros No fel de nossas próprias atitudes. Afeição de outras eras que descubras, Querendo-lhe debalde a presença e a união, E instrumento de amor que te inspira a renúncia Para o trabalho da sublimação. A experiência humana é breve aprendizado E essa tribulação que te fere e domina É recurso dos Céus, em nosso amparo, Zelo, defesa e luz da Bondade Divina. Sofre sem reclamar a prova que te coube, Mesmo que a dor te espanque, atingindo apogeus… E, um dia exclamarás ante os sóis de outra vida: — “Bendita seja a Terra!… Obrigado, meu Deus!…” |