A Vida Conta

Capítulo XXIV

Afetos relembrados



Alma querida, escuta:

Depois de compromissos assumidos,

De coração atônito, avistaste

Formosas afeições de tempos idos…


Não sabes definir o sentimento

Que te parece fome, em que lutas e esperas,

Ansiando reaver cuidados incessantes,

Contatos e alegrias de outras eras.


Eis que a reencarnação, vedando-te as lembranças,

Não te deixa extrair da névoa transitória

Nomes e posições, impulsos e ocorrências

Que a vida te guardou no escrínio da memória…


Mas a lei da atração te fala sem barulho,

Na força do reencontro inesperado,

Sobre a nova expressão em que se te apresentam

As ligações que volvem do passado.


Alma presa ao dever em que te ajustas,

Bastas vezes te vês em pranto ardente;

Queres reter, de novo, os laços prediletos

De que vives ausente.


Entretanto, alma boa, louva sempre

A prova que te envolve o próprio “eu”…

Firam-te estranhas dores, permanece

No trabalho que o Céu te concedeu.


Ama, abençoa, ampara, esclarece, aprimora…

Essas almas queridas

São flores que plantaste noutro tempo.

Entre sombras e luzes de outras vidas.


Não lhes negues carinho e reconforto,

Mas não te faças coração em chama,

Ensina-lhes o amor em sacrifício

Com que o Cristo nos ama.


Cumpre as obrigações em que Deus te resguarda,

Sem de leve rompê-las…

E, um dia, encontrarás o amor de teus sonhos mais altos,

No País das Estrelas.