— Decididamente, o senhor não serve para o trabalho comercial. Desatende os que nos procuram. Foge aos horários. Discute sem razão. Perde tempo. E lança discórdia em casa… — era , abnegado espírita e grande comerciante, que falava a empavonado rapaz à porta de conhecido cinema do Rio.
— Mas, Sr. Figner — anotava o moço —, não é possível! Fui expulso de sua firma sem mais nem menos…
— Expulso, não — explicou o negociante, paternalmente —, o senhor foi convidado a seguir sua vocação e está pago pelos serviços que nos prestou, de conformidade com todos os seus direitos.
— Mas eu sou espírita — lamentou-se o ex-empregado.
Figner fitou o grande edifício junto ao qual conversavam, e disse:
— Meu amigo, o rótulo é quase nada. Repare este majestoso prédio. Desde a primeira pedra na base até a última no alto, tudo é harmonia e disciplina. Mas note o cartaz à porta do cinema. A presença dele aqui não altera coisa alguma.
(Psicografia de Francisco C. Xavier)