A volta

CAPÍTULO 12

Mensagem de Bezerra de Menezes



Dedicada Irmã Yolanda e demais irmãs e companheiros do Lar Oficina que vos consagrastes ao culto de gratidão, e ao nosso querido amigo Augusto Cézar, campeão da bondade e da elevação na 5ida Maior, e a todos os irmãos e irmãs presentes, o Senhor nos abençoe.

Estamos agradecendo ao Grupo referido as alegrias e bênçãos deste dia, em que nossos corações se irmanaram no amor ao próximo.

Companheiras e companheiros, amigos do Lar Oficina, a inspiração nos sobe do íntimo a fim de manifestar-vos o nosso reconhecimento, entretanto, a vibração de entusiasmo e felicidade que nos surge da alma esmorece nos domínios da palavra, pela incapacidade de enunciarmos aquelas que nos configuram a emoção e o agradecimento.

Trabalhastes durante o ano inteiro, confiando o vosso tempo e as forças, gratuitamente, para organizar o festival de paz e amor que nos oferecestes, na pessoa dos nossos companheiros mais necessitados do que nós mesmos e distribuístes o pão que era vosso e vestistes os nus com as roupas que entretecestes e que vos pertenciam por direito natural da vida e entregastes vós mesmos aos irmãos infelizes, trazendo até aqui o tributo de vossa caridade manifesta, sem exigir recompensas e nem pedir homenagens de qualquer natureza.

E milhares de criaturas se reuniram conosco, de modo a externar-vos como somos felizes, sentindo a presença de Jesus em vossos gestos de carinho e bondade para com todos aqueles que se abeiraram das vossas mesas de alegria e generosidade, exprimindo nosso louvor ao Nosso Senhor Jesus Cristo que vos inspirou a realização na qual sois os heróis anônimos do serviço e da disciplina, demonstrando com o vosso exemplo o modelo de construção do Mundo Melhor.

Estivemos, nós outros os amigos domiciliados na 5ida Espiritual, em todos os vossos passos e palavras e bendizemos a ventura de encontrar-vos com os frutos das mãos operosas, pensando espontaneamente nos sofrimentos e necessidades de quantos de nossos amigos em provação, em cuja face colocastes o sorriso de gratidão e em cujos corações, atribulados no escárnio das rudes experiências da vida terrestre, a chama da esperança e da fé no Pai de Misericórdia, que nos criou e nos guia os destinos.

Sem dúvida, dispondes da faculdade de erguer um bazar ou um supermercado para as peças e utilidades que vos nascem das mãos, entretanto, atendestes ao pedido do Amado Amigo da Humanidade e entregastes todas as obras-primas de vosso ideal de servir àqueles irmãos nossos que faceiam dificuldades e tropeços, provas e amarguras que não conhecemos.

Benditos sejam todos vós, irmãs e irmãos dos nossos corações, que vos lembrastes das expressões de Jesus: “Todo o bem que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que o fizestes.”


Parábola do Bom Samaritano

A propósito de vossa grandeza de sentimentos, escolhemos para a noite de hoje, para nossa meditação, a Parábola do Bom Samaritano e, por isso, tomamos a liberdade de rearticular-vos as afirmações:

Um homem que seguia de Jerusalém para Jericó, caiu sob o domínio de malfeitores que o maltrataram e o deixaram no pó da estrada, semimorto…

Um sacerdote que perambulava pelo mesmo sítio, contemplou a cena, mas passou de largo, temendo as complicações que a socorro ao desconhecido lhe traria.

Um auxiliar do culto que se devotava a Deus, passou pelo mesmo lugar e fez o mesmo, fugindo de prestar qualquer tipo de assistência ao ferido.

Entretanto, apareceu um homem samaritano que atravessava a região, auxiliou a vítima prostrada no chão do caminho, compadeceu-se daquele homem maltratado e sem recursos, sofreou o cavalo em que prosseguia com os seus objetivos e abraçou o espoliado e tratou-lhe as feridas.

Era ele apenas um homem, sem títulos nobiliárquicos, que assim procedeu.

Em seguida depôs o ferido sobre a sua própria montaria, guiou-o até uma hospedaria e internou-o no conforto doméstico do hospedeiro, pagou-lhe a entrada do companheiro ferido e recomendou ao hospedeiro que o tratasse afetuosamente, e prometeu que lhe pagaria todos os cuidados em favor do desconhecido, quando regressasse.


Vejamos que o ensinamento do Divino Mestre nos apresenta no samaritano a figura de um homem comum.

Não explicou se ele era um capitalista; um pobre lavrador; um homem de más tendências; um descrente de Deus; um aficionado dos prazeres mundanos; se ele fora um delinquente; se não cultivava hábitos louváveis; se era casado; se era solteiro; se era negociante; se era um alcoólatra; se descendia de família considerada nobre; se era filho de alguma choupana esquecida; se fora um intrigante; se fora um administrador; se era um considerado de classe inferior; se era virtuoso; se era devasso; se amava a Deus ou se pertencia a alguma seita de propósitos ocultos.

A lição do Mestre nos esclarece que era apenas um homem sem nome, praticando a solidariedade humana para com o próximo abatido por cultivadores da indiferença e criminalidade.

Era apenas um homem…


Fizestes hoje a revivescência do herói anônimo que estimava no próximo um dos seus semelhantes em provação e abandono.

Benditos sejais todos vós, irmãs e irmãos, notadamente do Lar Oficina, que nos visita, que hoje levantaram tantas criaturas que se achavam à margem de fatal depressão ou no círculo de doenças atrozes.

Nós, os amigos espirituais, vos agradecemos o amor ao próximo que demonstrastes sem nenhum interesse por compensações e grandezas humanas.

Nós vos agradecemos por todos aqueles aos quais amparastes com a vossa bondade natural e sentimento humano.

Estou entre os pobres aos quais socorrestes e, em nome de todos os meus companheiros de pequenez e de infortúnio, estou aqui, presente, mendigo que sou entre vós outros, os ricos de trabalho e de amor, para unicamente dizer-vos: — Muito obrigado por todos os meus irmãos de pobreza e sofrimento e que Deus, nosso Pai de Infinita Bondade, vos auxilie e vos abençoe.


Bezerra de Menezes