Ação, Vida e Luz

Capítulo I

Necessidade de ação



Os casos particulares não me permitem ser demasiado extenso, mas não me furto ao desejo de vos dizer duas palavras, corroborando a explanação elucidativa junto das preces da noite.


Espiritismo, filhos, é luz, e é necessário que cada um daqueles que o abraçam procure brilhar, testemunhando a sua claridade.

As nossas mensagens, a possibilidade de comunicação entre os dois mundos, são permitidas por Deus, a fim de que o homem vislumbre as realidades espirituais, aplicando-as à sua passageira vida na Terra.

É necessário cessar a época do verbalismo vazio. Há muitos séculos a humanidade tem vivido uma época de pura predicação sem exemplos.

O que temos visto em todos os tempos?

Tribunas, púlpitos, livros, prolixidade de pedagogia gratuita, dentro de uma multiplicidade assombrosa de demagogos e de arautos.

Chegaram os tempos da iniciativa própria, do esforço pessoal em favor da iluminação consciencial do indivíduo, perdido no oceano da coletividade.

Cada homem deve e pode possuir qualidade autodidata.

Os espíritas necessitam compreender essa necessidade de ação no campo individual.

Ação essa que se irradiará naturalmente para o mundo largo das sociedades.

Sem o esforço nada se terá feito.

As obras de caridade material têm sido edificadas pela Igreja Católica.

Seus hospitais, seus orfanatos, suas freiras, seus conventos, onde se efetuam sopas a pobres e recolhimento dos desvalidos, estão por toda parte.

O que os espíritas não estão percebendo é que a eles compete organizar sua consciência verdadeiramente cristã nessa civilização da fome e da febre de ouro.

É preciso que se arregimentem os exemplos de predicações pelos atos, trabalhando e enfrentando corajosamente as penúrias da vida, sem estagnação, sem fanatismo, sem recuos para épocas primitivas do pensamento.

É doloroso que sejamos mentalidades que deveriam estar afinadas em obras evangélicas, perdidas no lábaro ingrato de doutrinações inoportunas e desnecessárias.

Os espíritas precisam saber que obras materiais não faltam no mundo, os grandes colossos de pedra assombram as iniciativas dos mais ousados.

Eles ficaram, de fato, com o apostolado da pobreza do na restauração do Cristianismo, mas compete-lhes fornecer com os seus exemplos na ação, na tolerância, no trabalho, no esforço, na piedade e na resignação, uma alma a esses gigantes de alvenaria.

Faz-me necessário dar calor às cátedras imensas e frias. E esse calor só poderá nascer da fé realizadora e ativa, que trabalha e opera, longe de qualquer cristalização teórica.

O tempo da palavra vazia passou.

O tempo atual é dos atos.

Aliemos os nossos esforços e trabalhemos.

Precedamos qualquer ensinamento com um exemplo de ordem pessoal.

O mundo está intoxicado pela generalização da cultura sem base, sem bússola, sem norte espiritual.

Aprendamos e pratiquemos, trabalhando, laborando com o nosso desprendimento, sem nos fanatizarmos, dentro das atividades que nos cabe desenvolver e dentro da tarefa que nos cabe desempenhar.


Se emprego o “nós”, nestes meus apelos é que também aqui não descansamos.

Não estamos inativos.

A luta é condição primordial de qualquer conquista.

Aprendamos com Jesus e coloquemos ao seu serviço toda a nossa boa vontade.