Ação, Vida e Luz

Capítulo XI

Recristianização dos homens



No conformismo que caracteriza os tempos modernos, não são poucos os espíritos da literatura e da filosofia que apelam para a recristianização dos homens.

Entretanto, não falamos de recristianização, porquanto o afinamento da mentalidade do mundo terrestre no ideal de perfeição e de amor de Jesus Cristo não chegou a se verificar em tempo algum.

Apelamos para a cristianização de todos os Espíritos e é dentro desse sentido que se guarda o mais alto objetivo de todas as nossas mensagens extraterrestres.

O homem cresceu e evoluiu fisicamente, sem que progredisse, em identidade de circunstâncias, à sua posição espiritual.

Algumas almas nobilíssimas trouxeram-lhe num esforço generoso as grandes ideias dos seus tratados de filosofia social e política.

Todos esses gênios do Espaço, encarnados no mundo viveram isolados de seus contemporâneos.

Incompreendidos no seu século, apenas conseguiram uma facção de entendimento da posteridade, quando a morte já os havia arrancado do cenário de atividades do mundo.

E se me refiro a esses grandes espíritos da Humanidade é somente para salientar que as ideias evoluídas do campo social deveram somente a eles o seu surto, no seio das coletividades, nestes últimos anos do planeta.

A prova disso é que os homens, como os Estados que são os aparelhos físicos da coletividade terrestre e humana, regressam atualmente a todos os processos da força.

A coroa foi substituída pelo poder integral e absoluto dos ditadores nos vossos tempos de incompreensão.

Os últimos acontecimentos nas chancelarias europeias são a prova do nosso asserto.

Não existe tanta necessidade de expansão por parte das potências imperialistas.

O que existe é a dilatação do espírito agressivo dos povos considerados fortes, em virtude das conquistas fáceis da força bruta.

Em todos eles prevalece somente a vontade de potência e o interesse inferior do domínio político.

Ontem era a Itália, dividindo a Abssínia, sem que o direito internacional estabelecesse a posição histórica dos humilhados e agora é o Japão querendo transformar 500 milhões de chineses em instrumentos de sua ambição, para marchar com novas hostes de Gengis Khan sobre o mundo europeu, como aconteceu há nove séculos; é a Alemanha, apoderando-se sumariamente da Áustria, a Espanha debatendo-se na guerra terrível das ideologias.

As nações interessadas igualmente no poderio internacional fazem as comédias diplomáticas, no seus reconhecimentos “de jure” ou “de fato”, mas a verdade que ressalta de tudo isso, de todos esses acordos é que a mentalidade humana retrocedeu alguns séculos, no que se refere à sua posição espiritual.

Consideremos, porém, que é a própria ambição de cada país que fará apodrecer todos os eixos diplomáticos e todas as alianças do poderio militar, lançando sobre as almas o fantasma do morticínio e do sofrimento.

O quadro da civilização europeia, desenvolvida no Mediterrâneo que ficou como escola temível de suas ambições e de seus absurdos, é bastante doloroso para quantos se preocupam com os problemas sérios e graves da vida.

A guerra é inevitável nessa civilização que depende exclusivamente do militarismo.

Os grandes exércitos são a sua grande ruína, todavia, consideremos que Jesus está no leme e o seu barco não pode soçobrar.

Que Deus se apiede de todos nós, tornando-nos dignos da grande tarefa de reviver o Evangelho, em sua expressão pura e simples, para o necessário reerguimento moral da Humanidade.




(Página recebida pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião da noite de 17 de Março de 1938, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais).