Carioca, filho único de William Ricciardi e de D. Nadyr Larsen Ricciardi, Lúcio Manoel Larsen Ricciardi nasceu a 30 de outubro de 1955 e veio a falecer no Rio de Janeiro com 24 anos incompletos, no dia 15 de setembro de 1979, vítima de acidente de trânsito.
Espírito alegre, exuberante, colecionador de êxitos em vestibulares, cursava, ao falecer, o 2.° ano de Engenharia Mecânica, na Universidade Gama Filho.
A mensagem que apresentamos foi recebida por Francisco Cândido Xavier, em janeiro de 1981, e sobre ela, assim se expressou sua genitora:
“Essa comunicação com meu filho foi a razão de minha sobrevivência.
Agradeço o consolo que as mãos de Chico Xavier nos trouxeram — a mim e ao meu marido, porque sabemos que nosso filho está mais vivo que nunca e que podemos continuar zelando por ele como sempre fizemos.
E rogamos a Jesus, a cada segundo de nossa vida, permita que nosso filho saiba que nós compreendemos e sabemos que tudo aconteceu porque já estava terminada a sua missão e que ele só nos deu alegria e felicidade, e agora vivemos de suas lembranças, amando-o cada vez mais.”
Querida mãezinha Nadyr e querido papai William, recebam, com a nossa querida tia Célia, o meu pedido de bênção.
Estou, ainda, bastante “zaranza” para dar os “metros”. [v. ]
O acidente ficou inexplicável para mim.
Estávamos todos sóbrios, sem qualquer “mosquito” na cabeça. Conversávamos com alegria. Depois, num desses choques que ninguém espera, notei que me via apagado, com alguns sinais de juízo na cabeça, repentinamente desorientado.
Mamãe Nadyr, creia, ninguém estava no carro com os “macacos”. “Bronca”, nem de leve entre nós. O assunto ficou no impalpável.
Que eu pensei muito em você e em meu pai, não tenham dúvidas. Se pudesse, teria largado aquilo tudo pra abraçá-los e notificar que qualquer agouro não passava de “bulhufas”, mas nada do corpo me obedeceu.
Nada consegui, senão entregar-me, como se malfeitores invisíveis me houvessem colocado numa gira diferente. Depois é que vi o vovô Franklin a me chamar.
A princípio julguei que estava acordado em casa, mas, o Carlinhos me apareceu de improviso e essas visitas me fizeram parar de assombro…
Com muita alegria vim a saber que perdera o corpo e envergava outro. E eu, que não sabia que era dono de um corpo dentro do outro, procurei não me “esquentar” com perguntas, quando, na realidade, me sentia fraco e doente.
Um amigo, Francisco Ricciardi, também veio ao nosso encontro; disse-me que vinha pelo papai William; mostrou-se tão compreensivo e tão amigo que observei nele a continuação do papai.
Agora, mãezinha, é vida nova. Já choramos tanto, que o próprio vovô Franklin me afirma que precisamos aceitar a renovação.
Grande companheiro, o vovô! Ele roga coragem à tia Célia, informando a ela que a morte não passa de mudança, mas, para quem é obrigado a se mudar. Nessa questão, diz ele, toda pessoa deve esperar o momento que surgirá para todos os que vivem.
O vovô Franklin está muito preocupado com a tia Célia e pede-lhe não se “gamar” com a ideia de morrer, porque esse portão invisível, apenas deve ser destrancado de onde estamos e nunca do lado físico, porque a criatura não deve se aventurar ao desconhecido.
Diz ele que a tia tem sofrido muito. No entanto, ela precisa entender que o tio Álvaro seguiu uma estrada escolhida por ele mesmo, e que ela prossiga no caminho de sempre. Agradece tudo o que fazem por vovó, que se acha muito abatida.
Mãezinha Nadyr, sei que o seu carinho se detém a pensar em nossa irmãzinha Moema. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que se encontrem, e se Deus me conceder essa “festa”, sei que a sua bondade e a bondade de meu pai William tudo farão para auxiliá-la, e creiam que ela merece.
Mãezinha, agradeço as suas orações, as suas flores e os seus pensamentos em minha direção. Quanto possível, não permita que os outros me recordem, à maneira de um farrapo na terminação da experiência do corpo. Que me recordem feliz! Sempre com um sorriso a mais e uma carranca a menos.
Ao papai William, o meu reconhecimento pela compreensão iluminada de amor com que me recorda.
Confiemos em Deus. Tudo vai passando com o tempo, menos nós, que somos de Deus e, por isso mesmo, pessoas que nem a morte consegue aniquilar.
A vovó Rosa tem-me tratado com o carinho máximo. Enfim, queridos pais, de nada me queixo e nem mesmo de mim, porque tenho consciência de que não voltei para cá por desatenção ou desrespeito a situações e pessoas.
Graças a Deus, só a saudade me complica; no entanto, saudade, como diz o primo Carlinhos, é uma espécie de teia de aranha que aparece por qualquer lugar, por onde o espanador do trabalho ativo e constante não gosta de passar. Estou no ponto de riscar o ponto final, mas isso é somente nas letras. Continuaremos unidos, conversando pelo “sem-fio” dos pensamentos.
Tia Célia, pedimos para que se encoraje. Combine com a mamãe novos meios de produzir em benefício dos desamparados, e sigamos para a frente.
Papai William e mamãe Nadyr, perdoem o tom de gracejo no qual procuro vazar as emoções que sinto.
Nós sabemos que, muitas vezes, no mundo, o palhaço é quem mais chora, mas chora sob as tintas do disfarce bendito com que Deus lhe confere o dom de “sacar” a alegria dos que estejam fatigados e tristes.
Para ambos, pais que adoro com todas as minhas forças, todo o amor e toda a confiança do filho agradecido.
24.01.1981.
Tia materna, Célia Larsen Ricciardi.
Avô materno, Franklin Dutton Larsen, desencarnado em 1979, aos 80 de idade.
Carlinhos, primo já falecido, Carlos Alberto Larsen Carvalho.
Avô paterno, Francisco Maria Ricciardi, falecido em 1964, com 54 anos.
Colega do Lucinho que estava junto dele na hora do acidente.
Bisavó materna, Rosa da Silva Oliveira, desencarnada, em 1968, aos 83 anos.