E chegaste no mundo à grande encruzilhada: De um lado a provação gritante e sem conforto, De outro, o desalento ao peito semi-morto E, mais além, a trilha obscura e escarpada, Sob céu pardacento, Em que te aguarda a aspérrima jornada De sacrifício e sofrimento Para atingir, de novo, a senda iluminada Que te assegure paz no coração… Clamas e choras, mas não te lastimes, Nunca te faltará recurso a que te arrimes Nem seguirás em vão. Escuta, alma fraterna, Não te deites, à margem do caminho, Alegando cansaço e coração sozinho Para fugir da estrada a percorrer… Lança ao rio do tempo a dor que te consterna, Reanima-te e volta ao movimento e à vida E esquecerás a chaga dolorida Que te põe a sofrer Na mágoa que te alcança. Alguém errou, furtando-te a esperança, Mas ouve, alma querida, A evolução é clara e definida: A Terra, — nossa escola multimilenária, Foi criada por Deus para nos ensinar; E todos nós, constantes aprendizes, Temos faltas cruéis quanto acertos felizes… Não te ocultes na névoa da tristeza; O erro vem da própria Natureza; Mas Deus também nos dá, sem conta e sem medida, A força de amparar e corrigir a vida… Pensa na gleba, inculta, arrasada a tratores, Produzindo montões de frutos e de flores; A enorme queda d’água é um abismo profundo, Mas o homem que a sonda, observa e domina, Dela triunfante extrai os poderes da usina Que enriquecem de força o progresso do mundo; A pedreira, a cair em processo violento, Encaminhada à indústria é base do cimento; E o manganês no solo, a impedir a verdura, Trazido ao fogaréu, de pedaço a pedaço, Faz-se a espinha dorsal das estruturas de aço… Assim também, alma fraterna e boa, Ergue-te e segue o bem, de espírito sereno!… Desânimo é veneno. Esquece todo mal, serve, ama e abençoa… Não te canses de crer e de esperar. A dor, em qualquer tempo, é a lúcida cartilha Com que Deus nos revela a doce maravilha De sofrer por amor na alegria de amar. .Maria Dolores |