Antologia da Espiritualidade

Capítulo XXIX

Colheita



Se consegues guardar o coração

Sem queixumes em vão,

Além das nuvens densas,

Feitas em vibrações de sarcasmos e ofensas,

Sem que a força da fé se te degrade,

Quando rugem, lembrando tempestade…


Se olhas para o mal que te rodeia,

Respeitando, em silêncio, a luta alheia,

Se não te fere ouvir

A expressão que te espanca ou te censura,

No verbo avinagrado da amargura,

Sem alterar teu sonho de servir…


Se logras conservar a luz no pensamento,

Ante os assaltos do tufão violento,

Que se forma da injúria que atraiçoa,

E trabalhas sem mágoa e ajudas sem tristeza,

Plantando o reconforto, a bondade e a beleza,

Sem perder a esperança na alma boa…


Se já podes, enfim,

Converter toda lama em trato de jardim

E criar alegria em tua própria dor,

Para auxílio a quem chora ou socorro de alguém,

Então terás chegado à compreensão do bem,

Para viver em paz, na vitória do amor!…