Se eu pudesse, Jesus, Desejava esquecer A minha própria imperfeição; A fim de ser contigo, Onde houvesse aflição, O suave calor Do braço terno e amigo Que derrame esperança em todo sofrimento De modo a que, na Terra, Ninguém padeça em vão. Queria ser Uma chama de fé, ao longo do caminho, Um pingo de bondade a descer persistente Sobre a rocha do mal em que a treva se fez, Queria ser migalha de conforto A todo coração que está sozinho, Proteção à orfandade, Companhia à viuvez. Queria ser a brisa Que refrigera a mente em cansaço profundo, Combalida na prova Quando a tristeza vem, Queria ser a escora pequenina, Que sustentasse os náufragos do mundo, Para o regresso à vida nova, Pelas vias do bem. Queria ser a força do silêncio Que verte do sorriso de brandura A suprimir o incêndio da revolta De quem se desespera ou se maldiz; Queria ser o beijo da alma boa Que seca o pranto de quem se tortura, Ante os golpes de lama Da calúnia infeliz. Queria ser a prece que afervora E alivia o doente, Socorro, de algum modo, a retratar-te, Queria ser, enfim, ao teu lado, Senhor, Alguém que se olvidasse, inteiramente, Dia a dia, hora a hora, A fim de ser contigo, em toda parte, Uma bênção de amor. |