Antologia dos Imortais

Ouro



O que sentes agora,

Já sentiste.

O que pensas agora,

Já pensaste.

O que dizes agora,

Já disseste.

E aquilo que desejas

Novamente fazer,

Muita vez já fizeste.


Resguarda, assim, o sonho

De luz e de beleza

Que bebeste na altura,

Para a nova jornada,

Sentindo no amor puro,

Pensando de alma reta e renovada,

Falando com nobreza,

E conservando, em suma, a lei do bem de cor,

A fim de que realizes a bondade

Para a Vida Maior.

Todo berço na Terra é novo marco…

E a alma reencarnada é como a estrela

Refletida no charco.


RODRIGUES DE ABREU (Benedito Luís de Abreu) — Poeta, teatrólogo, educador. Escreveu nos principais jornais e revistas do País. Tendo sido a infância de R. de Abreu uma das mais afanosas, iniciou ele o curso primário em Piracicaba, completando-o em S. Paulo. Depois de muitas reviravoltas por diversos colégios, de outras cidades, regressa o poeta à Capital paulista, onde passa a lecionar. Posteriormente, transfere-se para sua terra natal, desencarnando, mais tarde, em Bauru. Péricles Eugênio da Silva Ramos (, III, t. 1, página
538) classifica R. de Abreu como poeta modernista não “histórico” e acrescenta, adiante, que ele “cultivou uma poesia simples, sentimental e dolorida”. Embora Afonso Schmidt (, pág.
16) o considere “um dos maiores poetas de S. Paulo”, Domingos Carvalho da Silva, “o seu melhor crítico”, diz que RA, como poeta, foi “alto valor que não chegou a realizar-se, mas que manteve sempre a sua individualidade” (. VI, pág. 80). (Município de Capivari, Est. de São Paulo, 27 de Setembro de 1897 — Bauru, Est. de São Paulo, 24 de Novembro de 1927.)

BIBLIOGRAFIA: ; ; ; etc.



Ler assim este verso: “Que o/ ou/ro a/nes/te/si/a”

Leia-se com hiato: pró/prio/ há/li/to.

Ler com hiato em: To/do o/ ou/ro; o / ou/ro; E o/ ou/ro; É o/ ou/ro.

Ler rea-li-zes, com sinérese.

Leia-se E a/al/ma, em três silabas.


(Psicografia de Francisco C. Xavier)